26 de março de 2014 | 16h01
SANTIAGO - A Associação de Transporte Aéreo Internacional (Iata) afirmou nesta quarta-feira, 26, durante reunião em Santiago, no Chile, que espera que a dívida de US$3,7 bilhões que o governo da Venezuela tem com empresas aéreas que atuam no país sejam saldadas com base num câmbio "justo", que ainda não está definido. No começo da semana, o governo chavista estreou uma nova banda cambial flutuante, que desvalorizou o bolívar em 873%.
A Venezuela hoje tem três tipos de câmbio: o oficial, usado na maioria de contratos de governo, de 6,30 bolívares por dólar; o Sicad 1, de 11,30 e o Sicad 2, que varia conforme a demanda e está cotado em 55 bolívares.
Em outubro do ano passado, diante de um cenário de escassez de dólares, o governo venezuelano deixou de trocar as receitas em bolívares das companhias aéreas pela moeda americana. Em janeiro, o governo anunciou que elas passariam a ser cotada pela banda cambial de 11,30, em vez da de 6,30.
Com a nova banda do Sicad 2, cinco vezes mais cara que a atual, as companhias temem perder mais dinheiro. Quanto mais bolívares por dólar, menor a dívida a ser quitada pelo governo. Com o câmbio a 11,30, a dívida cai para US$ 327 milhões. A 55, diminuiria para US$ 67,2 milhões. O governo, no entanto, ainda não deu sinais de que iria pagar as aéreas pelo novo câmbio.
"Falta que o governo cumpra seu compromisso e devolva o dinheiro com um câmbio justo", disse o diretor-geral da Iata Tony Tyler. "Se as companhias aéreas não recebem por seus serviços fica insustentável cumprir seu compromisso com o mercado venezuelano."
Segundo a Iata, nos últimos 12 meses, 11 companhias reduziram suas operações na Venezuela entre 15% e 78%. Algumas dela fecharam suas operações.
Na semana passada o presidente Nicolás Maduro ameaçou as empresas que pararem de operar no país. No entanto, seu governo prometeu um cronograma de pagamentos das dívidas. "Queremos trabalhar com o governo para solucionar esse problema", acrescentou Tyler. / EFE
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