En Marche! apela à inovação e ao corpo a corpo

Partido de Macron usa os meios digitais para se organizar e atrair eleitores, mas também a campanha porta a porta

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Por Andrei Netto , Correspondente e Paris
Atualização:

Embora recém-criado, o partido En Marche! é muito estruturado. Em todo o país, 4 mil comitês foram criados. Essas instâncias respondem a cerca de 100 “referências”, ou porta-vozes regionais da legenda. Eles são os coordenadores das atividades e respondem a nove delegados nacionais. Acima deles, está Macron, na coordenação geral.

Esse método de organização permitiu, segundo os militantes acompanhados pelo Estado, a comunicação permanente entre os temas evocados pela opinião pública e a cúpula do partido, encarregada de receber as demandas da população e articulá-las com o trabalho de especialistas para redigir o programa de governo.

Simpatizantes mostram suas selfies com Emmanuel Macron durante uma visita do candidato a Rodez Foto: REUTERS/Regis Duvignau

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Na base da pirâmide, jovens são maioria no trabalho de convencimento dos eleitores. Esse foi o papel de Rachel Prado, estudante de direito de 23 anos que, desde fevereiro, viajou por toda a França, passando por centenas de cidades em um furgão de militantes. “Fomos até cidades onde houve um recente progresso da Frente Nacional”, conta Rachel, que ontem encerrou a campanha na Praça René Claire, em Epinay-sur-Seine, região metropolitana de Paris. “As pessoas não confiam mais na classe política francesa. Macron quer mudar os rostos, superar a divisão entre esquerda e direita. Isso fala fundo às pessoas.”

“Referência” do partido na região de Saint-Denis, periferia de Paris, Alexandre Aidara, de 49 anos, funcionário público, articulou o trabalho de 4,9 mil militantes em uma das regiões mais desfavorecidas da França, onde a credibilidade de políticos é perto de zero. Nesses locais, o uso de elementos visuais típicos de uma campanha, como santinhos, camisetas e cartazes, tem efeito limitado. Mas a política feita de porta em porta, usada à exaustão pela campanha de Barack Obama, em 2008, tem efeitos positivos, assegura. 

“A inovação do En Marche! começa pelo fato de que é um movimento aberto, ao contrário dos partidos tradicionais. Qualquer um pode aderir e até criar seu comitê”, conta. “Usamos meios digitais para nos organizar, ouvir cidadãos e consolidar informações das pessoas que estão à escuta da sociedade.”

Caso vença, Macron discursará diante do Museu do Louvre, local pouco usual para manifestações políticas em Paris. Antes que a imprensa fosse informada, os primeiros convidados, via redes sociais e e-mail, foram os militantes que construíram a campanha.

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