'Encapuzados e com rifles, disseram que iam me assassinar', conta Zelaya

Em entrevista à BBC, presidente hondurenho descreve últimos momentos em sua residência.

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Por BBC Brasil
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O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse, em entrevista à BBC, que foi ameaçado de assassinato "por homens encapuzados e armados com rifles", que tomaram à força sua residência oficial em Tegucigalpa, na manhã de domingo. "Mais de 200 ou 300 efetivos militares tomaram minha casa às 5h (de domingo), disparando tiros, batendo nos seguranças e os amarrando a seguir. Depois me agarraram, encapuzados, com rifles, disparando, dizendo que iam me assassinar, que eu me entregasse e me pusesse à sua ordem", contou. "Em seguida me puseram em um carro, à força. Depois, me colocaram em um avião e me levaram para a Costa Rica." Na noite de domingo, Zelaya partiu para a Nicarágua, onde se encontrou e recebeu o apoio do presidente do país, Daniel Ortega, além dos líderes Hugo Chávez, da Venezuela, e Rafael Correa, do Equador. Os Estados Unidos, a União Europeia e a ONU também condenaram o ocorrido e manifestaram seu apoio ao presidente deposto. Consulta Na entrevista, dada quando Zelaya ainda estava na Costa Rica, ele disse não ter desobedecido o Congresso e a Suprema Corte do país ao decidir manter uma consulta pública sobre a possibilidade de alterar a Constituição, o que poderia permitir sua reeleição. "Estávamos planejando uma enquete de opinião pública que não era vinculante, não tinha caráter de lei", afirmou. "Era só para ouvir a opinião das pessoas." "Não é possível que haja uma discrepância política e um golpe de Estado só porque um juiz declarou em primeira instância que a enquete não era procedente." "Uma discussão legal se conduz nos tribunais. Não se dá um golpe de Estado quando há uma discussão legal", concluiu Zelaya. O debate sobre a consulta pública gerou uma crise política interna em Honduras que culminou com a prisão e o exílio forçado de Zelaya. O presidente do Congresso, Roberto Micheletti, assumiu interinamente a Presidência e disse que o plano para a realização de eleições presidenciais no dia 29 de novembro serão mantidos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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