18 de maio de 2009 | 09h33
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, terá nesta segunda-feira em Washington um encontro com o presidente americano Barack Obama considerado crucial em Israel, onde o líder de governo enfrenta um enfraquecimento político significativo junto à opinião publica.
Apenas um mês e meio depois da troca de governo em Israel, pesquisas indicam que somente 25% dos israelenses consideram Netanyahu melhor do que seu antecessor, Ehud Olmert, que no fim de sua gestão foi visto como o primeiro-ministro mais impopular da história de Israel.
Para um terço da população, Olmert foi "melhor" e para outros 33%, "os dois são a mesma coisa".
Impostos
O desempenho do novo premiê de Israel na questão do novo orçamento do governo foi muito criticado, depois que Netanyahu mudou diversas vezes de posição e cedeu às pressões de seus parceiros da coalizão governamental.
Netanyahu, que durante a campanha eleitoral havia prometido diminuir impostos, acabou fazendo o contrário. Ele foi particularmente criticado por impor taxas sobre e frutas e verduras, atingindo principalmente os setores mais pobres da população.
O premiê, que também havia dito que não iria ampliar os limites do orçamento, acabou expandindo-o em 3%, levando a imprensa a chamá-lo de "suscetível" e "sem coluna vertebral".
Nestas circunstâncias, Binyamin Netanyahu viaja a Washington para o encontro mais importante desde que foi eleito, com o presidente americano Barack Obama.
Irã e Palestina
Os principais temas da reunião de Obama com Netanyahu devem ser o projeto nuclear iraniano e o conflito entre israelenses e palestinos.
Desde a eleição de Obama, houve divergências sem precedentes entre as posições de Israel e dos Estados Unidos. Segundo jornalistas israelenses que acompanham a visita de Netanyahu, "há uma grande tensão na delegação".
Desde que assumiu o cargo, Netanyahu não disse claramente se aceita ou rejeita o princípio tido como básico do processo de paz com os palestinos, que é a solução de dois Estados.
Já Obama reiterou diversas vezes que a "criação de um Estado Palestino ao lado de Israel, de acordo com a Conferência de Annapolis, é a única solução".
O novo ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigor Liberman, declarou que "as decisões de Annapolis não têm validade para Israel" e propôs a busca de "soluções novas e criativas" para o conflito.
Outro tema que deverá ser abordado é o compromisso - não cumprido por Israel - de congelar a construção de assentamentos na Cisjordânia e desmontar assentamentos ilegais.
Os parceiros de direita da coalizão de Netanyahu já anunciaram que o premiê deve dizer "não" a Obama.
Um dos líderes do partido Bait Yehudi (Lar Judaico), Uri Orbach, disse nesta segunda-feira à radio estatal israelense que o partido "não entrou no governo para construir um Estado Palestino, mas sim para fortalecer o Estado de Israel".
Um dos líderes mais importantes do partido de Netanyahu, o Likud, o presidente do Parlamento, Reuven Rivlin, afirmou que "a criação de dois Estados representa um risco à existência de Israel".
De acordo com analistas locais, Netanyahu deverá tentar convencer Obama de que, em vista do projeto nuclear iraniano, a ordem de prioridades na região deve ser alterada.
Segundo Uzi Arad, que integra a delegação de Netanyahu em Washington e é o principal assessor do premiê para assuntos de Segurança Nacional, "o tema mais urgente é o perigo de que em breve o Irã possa ter uma bomba atômica e constituir uma ameaça existencial a Israel".
A posição de Netanyahu é de que "antes" do problema palestino, a questão iraniana deve ser solucionada.
O ministro da Defesa, Ehud Barak, propôs que os Estados Unidos estabeleçam um prazo para o diálogo com o Irã. Esse prazo também deverá fazer parte da pauta da reunião de Netanyahu com Obama.
Palestinos
A Autoridade Palestina tem grandes expectativas do encontro dos dois líderes.
De acordo com o ministro palestino Ashraf El Ajami, "a Autoridade Palestina espera que o presidente Obama diga claramente a Netanyahu que é necessário continuar o processo de paz do ponto onde chegamos com o governo israelense anterior e não começar tudo de novo, da estaca zero".
"Se Netanyahu não concorda com o princípio de dois Estados, que o mundo inteiro aceita, voltaremos à estaca zero", disse o ministro palestino.
Já o porta-voz do Hamas, Razi Hamed, anunciou que a organização não tem expectativas do encontro do premiê israelense com o presidente americano.
"Netanyahu quer continuar a colonização dos territórios palestinos e a construção do Muro e não tem intenções de realizar negociações serias com os palestinos. Seu encontro com Obama não vai mudar esse quadro", afirmou Hamed.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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