
18 de agosto de 2020 | 10h51
MINSK - Alexander Lukashenko, o líder da Bielo-Rússia, na terça-feira, 18, concedeu medalhas pelo "serviço impecável" a policiais que o ajudaram a reprimir os protestantes que exigiam sua renúncia nos últimos 10 dias.
Em um esforço para conter a greve que atingiu algumas das fábricas mais importantes do país, o governo também emitiu uma carta aos gerentes de fábricas estatais dizendo-lhes para garantir que os trabalhadores cumpram seus deveres e sejam disciplinados.
Lukashenko, no poder há 26 anos, está sob pressão e não há sinal do fim dos protestos e greves contra o que os manifestantes dizem ter sido uma eleição presidencial fraudada de 9 de agosto. Lukashenko afirma ter vencido com 80% dos votos.
Pelo menos dois manifestantes foram mortos e milhares detidos na repressão pós-eleitoral. A oposição afirma que a política Svetlana Tsikhanouskaya foi a legítima vencedora e deseja novas eleições.
A União Europeia se preparando para impor novas sanções a Minsk por causa de sua repressão. A chanceler alemã, Angela Merkel, disse ao presidente russo Vladimir Putin na terça-feira, 18, que Berlim queria que o governo bielo-russo se abstivesse de violência, libertasse prisioneiros políticos e iniciasse negociações com a oposição. Muitos manifestantes detidos reclamaram de espancamentos e fome.
Putin disse a Merkel que qualquer tentativa externa de intervir nos assuntos internos da Bielo-Rússia seria inaceitável. A Rússia, aliada tradicional de Minsk, está observando atentamente, já que a Bielo-Rússia tem oleodutos que transportam as exportações de energia russa para o oeste e é vista por Moscou como uma zona-tampão contra a Otan.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que as manifestações estão pacíficas e que não parece haver muita democracia na Bielo-Rússia. Ele também falará com Putin sobre a situação.
Centenas de manifestantes gritando "vergonha" se reuniram no teatro em Minsk na terça em solidariedade ao seu diretor, que foi despedido por se manifestar em apoio à oposição.
Lukashenko está lutando para conter o maior desafio de seu controle do poder à medida que os protestos sobre como lidar com a pandemia do coronavírus, a eleição e outras queixas se transformam em uma revolta entre setores da sociedade.
Ele foi questionado por operários de fábrica na segunda-feira e tem enfrentado a oposição de pessoas normalmente vistas como leais. O embaixador da Bielo-Rússia na Eslováquia e quatro outros diplomatas renunciaram em apoio aos manifestantes.
Um comitê criado por Tsikhanouskaya para facilitar uma transição de poder deve se reunir em Minsk nesta terça pela primeira vez. / Reuters
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