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Entenda quais desafios López Obrador terá pela frente como novo presidente do México

Mexicanos esperam uma solução para alguns dos problemas mais urgentes do país, como violência e corrupção

Atualização:

CIDADE DO MÉXICO - O veterano esquerdista Andrés Manuel López Obrador venceu a eleição presidencial de domingo, 1.º, e assumirá em dezembro o governo do México. Os eleitores esperam uma solução para os problemas mais urgentes da segunda economia latino-americana. Veja abaixo quais são eles.

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López Obrador prometeu mudar a atual estratégia militar para combater os cartéis de drogas e a violência Foto: Goran Tomasevic / Reuters

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Violência

Depois de sua vitória, López Obrador prometeu mudar a atual estratégia militar para combater os cartéis de drogas e a violência. "Mais do que o uso da força, atenderemos às causas que originam a insegurança", disse ele, em sua primeira mensagem após o anúncio dos resultados oficiais preliminares, referindo-se à desigualdade e à pobreza, mas sem dar detalhes. Afirmou ainda que elaborará um plano de reconciliação no país.

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Segundo números oficiais, 2017 foi o ano mais violento desde que se tem registro, com 25.324 homicídios. A campanha eleitoral deixou 145 políticos assassinados em menos de um ano.

"Os grupos criminosos continuam disputando o controle dos cultivos de papoula e da distribuição da heroína. Acho que a violência não vai diminuir por um bom tempo", avaliou o ex-agente da DEA (agência antidrogas dos EUA) Mike Vigil, afirmando que uma nova estratégia é urgente. Ele pediu a capacitação das polícias locais e que se combata a corrupção entre os governantes, que permitiram a explosão do crime no país.

Corrupção

Tema que mais incomoda e irrita os mexicanos hoje, a corrupção foi uma parte vital das campanhas eleitorais e o eixo pelo qual López Obrador construiu sua candidatura. No domingo, ele reiterou que seu governo se concentrará em "combater a corrupção", embora não tenha dito como o fará.

O governo em final de mandato se viu manchado por escândalos que atingiram o presidente Enrique Peña Nieto, como a casa que sua mulher comprou de uma empresa contratada pelo governo. Casos como esse levaram ao repúdio do PRI nas urnas.

"Há uma percepção muito mais alta da corrupção. Ninguém pode dizer quanto, mas tivemos escândalos que envolveram o senhor presidente e sua mulher, secretários de Estado", lembrou Arturo Sánchez, pesquisador do Instituto Tecnológico de Monterrey.

Trump e Nafta

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Entre os maiores problemas econômicos a frente, está o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), que o México revê atualmente com os EUA e o Canadá. Para o México, é vital levar a negociação a um bom termo, já que 80% de suas exportações têm como destino o território americano, seu maior sócio comercial.

Embora López Obrador não tenha se referido diretamente ao Nafta, disse que buscará uma "relação de amizade e cooperação" com Washington. Espera-se que as negociações sejam retomadas em algum momento de julho e que continuem até 2019, para encontrar solução para as propostas mais duras dos EUA. Entre elas, sua exigência de revisar o acordo a cada cinco anos.

"Alcançar algum acordo depende de os EUA suavizarem sua postura e abandonarem algumas de suas posturas mais polêmicas", segundo a consultoria Eurasia. Os especialistas apontam ainda que deve-se construir um diálogo de alto nível e estratégias em comum que beneficiem os dois países.

Imigração

A imigração ganhou os holofotes internacionais pelas centenas de famílias que fogem da violência na América Central para pedir asilo no México ou nos EUA. O fenômeno se complicou diante da forte postura anti-imigração do governo de Donald Trump, que instituiu, momentaneamente, uma política de separação de famílias na fronteira, causando indignação mundial.

López Obrador se referiu ao tema ao mencionar que, sob seu governo, "quem desejar migrar, fará por gosto e não por necessidade". Para os especialistas, o novo governo deve atender às causas que levam o México a ser um país que exporta muitos migrantes, uma nação de trânsito e um lugar de destino para muitos deles. / AFP

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