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Entrega de Milosevic não alivia país

Por Agencia Estado
Atualização:

O dia após a entrega do ex-ditador iugoslavo Slobodan Milosevic ao Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia (TPI) não trouxe muito alívio. Muitos cidadãos ficaram felizes com o fato de o principal acusado de crimes de guerra ter sido finalmente levado à Justiça, mas eles têm medo de mostrar seu entusiasmo. Os longos anos de governo nacionalista autocrático mostraram seus efeitos. Até intelectuais moderados falaram de comportamento ilegal sob pressão internacional e a oposição de extrema-esquerda chamou isso de chantagem e traição. Ao mesmo tempo, embora a Iugoslávia esteja recebendo créditos mundiais, está afundando numa crise política com a renúncia do governo federal e uma divisão formal na coalizão governista Oposição Democrática Sérvia. Na conferência de doadores em Bruxelas, 250 participantes de 40 países decidiram nesta sexta-feira apoiar a Iugoslávia com créditos e doações de US$ 1,28 bilhão. Em Viena, ministros de países nascidos da antiga Iugoslávia assinaram um documento sobre sucessão e divisão de Estados. Como uma conseqüência lógica dos desacordos durante os eventos dos últimos dias, o primeiro-ministro Zoran Zizic, do Partido Socialista Popular, de Montenegro, apresentou sua renúncia ao presidente iugoslavo, Vojislav Kostunica. Logo depois, o Partido Democrático da Sérvia, de Kostunica, informou à imprensa sobre sua decisão de distanciar-se da coalizão governista sérvia e formar seu próprio grupo no Parlamento. O presidente Kostunica teve dois outros inesperados encontros durante o dia, com o patriarca da Igreja Ortodoxa sérvia e altos oficiais do Exército. Breves comunicados após os dois encontros informaram sobre "os temores do presidente acerca do futuro do país" e sua promessa de "manter a estabilidade a qualquer custo". Apesar dessas declarações dramáticas e dos alertas da polícia e das forças do Exército, a situação parecia estar sob controle. Os partidários de Milosevic continuam seus protestos diante do parlamento, onde ocorrerem alguns disparos esporádicos, mas a situação não se agravou como na noite anterior, quando muitos jornalistas foram atacados e feridos. Líderes do partido de Milosevic e do extremista Partido Radical insistem em novas eleições em todos os níveis.

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