ENTREVISTA-Reconstrução do Japão pode passar de 5 tri de ienes

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Por YUKO YOSHIKAWA
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O Japão pode precisar de mais de 5 trilhões de ienes para consertar os estragos provocados pelo terremoto e tsunami que atingiram o nordeste do país e deve ter que aumentar as vendas de títulos do governo para levantar esses recursos, disse nesta quarta-feira uma importante autoridade de um partido de oposição. Os serviços de ajuda às vítimas e os custos da reconstrução após o terremoto de magnitude 9,0 da sexta-feira certamente vão superar os 3 trilhões de ienes (37 bilhões de dólares) gastos após o terremoto de Kobe em 1995 e podem passar de 5 trilhões de ienes, segundo os gastos propostos pelo maior partido de oposição, o Liberal Democrático, disse Keiichi Ishii, chefe de políticas do Novo Komeito, o segundo maior partido oposicionista. "Existe a possibilidade de ser necessário recorrer à emissão de títulos do governo para cobrir o déficit", disse Ishii à Reuters em entrevista. Ishii disse que o governo deve primeiro estudar cortes em outros gastos para poupar dinheiro para a reconstrução, antes de contrair novos empréstimos com a emissão de novos títulos. Uma opção, segundo ele, é redirecionar dinheiro de gastos não essenciais, como os recursos alocados para aumentar benefícios pagos por filhos no orçamento do próximo ano fiscal, que começa em abril. "A emissão de títulos de dívida do governo pode aumentar temporariamente. Mas o governo precisa mostrar que vai procurar manter no mínimo possível a emissão de novos títulos de dívida para financiar a reconstrução, cortando o que puder do orçamento do Estado", disse Ishii. Ele disse que o governo também deve estudar a possibilidade de combater a instabilidade no mercado financeiro através de medidas como proibir a venda a descoberto de ações ou fazer intervenções no mercado monetário para frear altas acentuadas do iene. Ishii é bem versado em assuntos financeiros e já foi vice-ministro financeiro sob o governo do PLD, antes de este perder o poder para o Partido Democrático em uma eleição em 2009. Em vista das divisões no Parlamento, o governo do primeiro-ministro Naoto Kan precisa da cooperação dos partidos oposicionistas, como o Novo Komeito, para aprovar medidas relativas ao orçamento.

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