ENTREVISTA-Reconstrução do Paquistão pode custar US$ 15 bilhões

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Por MYRA MACDONALD
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O custo da reconstrução do Paquistão após as devastadoras inundações das últimas semanas pode chegar a 15 bilhões de dólares, informou nesta segunda-feira o alto-comissário (embaixador) do país no Reino Unido, Wajid Shamsul Hasan. Ele disse que a cifra ainda pode mudar, dependendo de avaliações mais precisas sobre a tragédia, que afetou 20 milhões de pessoas. Estradas, pontes, telecomunicações e lavouras foram afetadas. "(A reconstrução) vai levar pelo menos cinco anos", disse o diplomata à Reuters. "Acho que (custará) mais de 10 bilhões a 15 bilhões de dólares." A ONU diz que seriam necessários 459 milhões de dólares para a ajuda imediata, e que só um quarto desse valor chegou. Hassan disse que cerca de 2.000 pessoas morreram --estimativas anteriores eram a ordem de 1.600-- e que o número ainda pode subir por causa de epidemias. Ele comparou as inundações ao ciclone que afetou o Paquistão Oriental (atual Bangladesh) em 1970. Tanto naquela época quanto agora, o governo paquistanês foi acusado de não ajudar suficientemente as vítimas. Mas a atual tragédia, segundo ele, "é pior que aquela". O impopular governo do Paquistão já enfrenta grandes dificuldades para combater a presença de militantes islâmicos. Após as inundações, os militares assumiram a maior parte das atividades humanitárias. "A democracia está sob ameaça, como os nossos militares, todos estão sob ameaça", disse o alto-comissário. Alguns analistas dizem que as dúvidas quanto à eficiência e à honestidade das autoridades paquistanesas contribuíram com a reação relativamente demorada dos doadores ocidentais. Hassan também admitiu que, num mundo ainda ressentindo-se da crise econômica, será difícil encontrar dinheiro. "É isso que agrava a nossa tragédia", acrescentou. O diplomata defendeu a atuação do governo, acrescentando que 85 mil pessoas já foram resgatadas. Ele também lembrou que o primeiro-ministro Yusuf Raza Gilani e seu rival Nawaz Sharif concordaram em criar uma comissão independente, com membros de "impecável integridade", para supervisionar as atividades de auxílio às vítimas, assegurando que não haja mal uso das verbas. O Banco Mundial e outras instituições devem fazer uma avaliação completa dos prejuízos quando as águas baixarem. "Em mais longo prazo, quando a água ceder, precisamos da reconstrução... Teremos de ter um plano de longo prazo, algo como o Plano Marshall", afirmou o diplomata.

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