Enviado da ONU chega ao Congo para evitar que guerra se espalhe

O nigeriano Obasanjo mediará diálogo entre rebeldes, líderes congoleses e de países vizinhos

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Por AFP , AP e EFE E REUTERS
Atualização:

O enviado especial da ONU, o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo, chegou ontem à República Democrática do Congo para mediar um acordo entre tropas do governo e rebeldes tutsis. A guerra entre os dois lados vem afetando o leste do país e já obrigou mais de 250 mil civis a fugir. Nomeado pelo secretário-geral Ban Ki-moon, Obasanjo se reunirá com o presidente congolês, Joseph Kabila, e deve encontrar o líder dos rebeldes, Laurent Nkunda. "Falei com meu irmão Nkunda ontem (quinta-feira) por telefone. Faremos de tudo para encontrá-lo pessoalmente", disse o nigeriano. Além de Kabila e Nkunda, Obasanjo também se reunirá com líderes de países vizinhos, para evitar que o confronto se regionalize - como ocorreu na guerra do Congo (1998 - 2003), na qual mais de 4 milhões morreram. Ainda ontem, antes de chegar a Kinshasa, o nigeriano esteve em Angola, onde se reuniu com o presidente José Eduardo dos Santos. Aliada do governo congolês, Angola afirmou que enviaria soldados para o país vizinho, sem especificar quando. Mas congoleses ouvidos pela rede britânica BBC disseram já ter visto soldados angolanos (e zimbabuanos) na região dos confrontos. Outro vizinho, Ruanda, também já estaria envolvido no conflito, por financiar os rebeldes tutsis. O conflito na região tem suas raízes no genocídio de Ruanda (1994), quando hutus mataram 800 mil pessoas, a maioria tutsis. Temendo represálias, muitos hutus fugiram para o Congo e acabaram levando o conflito para o outro lado da fronteira. Kinshasa afirmou que seus soldados conseguiram fazer os rebeldes recuar cerca de 5 quilômetros ao norte de Goma, capital da Província de Kivu do Norte. Ainda assim, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) decidiu transferir mais 60 mil civis que estão em Goma para outro campo de refugiados, mais afastado da linha de combate. A ONU distribuiu ontem 100 toneladas de milho, lentilha, óleo e sal para deslocados no norte de Goma, em áreas controladas por Nkunda. "É a primeira vez que nossos caminhões com ajuda humanitária conseguem cruzar a linha de combate e entrar na região dominada pelos rebeldes", disse Marcus Prior, porta-voz do programa alimentar da ONU.

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