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Enviado da ONU deixa o Sudão após ser expulso

Governo ordenou a saída de Jan Pronk após declaração contra o exército

Por Agencia Estado
Atualização:

O representante das Nações Unidas enviado ao Sudão, Jan Pronk, deixou o país nessa segunda-feira depois de ter sido obrigado pelo governo sudanês. A expulsão se deve ao fato do enviado ter escrito em seu blog que a moral do exército do país estava abalada após as baixas sofridas em Darfur. A saída do representante da ONU da capital é definitiva. O governo está decidido a não receber Pronk de volta. Embora o governo do Sudão esteja resistindo às pressões internacionais em aceitar as tropas de paz da ONU, a expulsão de Pronk foi criticada pelos rebeldes do sul do país, aliados do governo nacional desde o ano passado. Nesta segunda-feira, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, criticou a saída forçada de Pronk, considerando-a um ato "desastroso ao extremo". Condoleezza disse ainda que consultaria o secretário geral da ONU, Kofi Annan, a respeito da decisão. Criando problemas O site pessoal de Pronk já é bem conhecido entre os oficiais da ONU, que pediram repetidamente que ele parasse de escrever. Ele disse que o exército sudanês perdeu duas batalhas recentemente para os grupos rebeldes na região leste e que as milícias árabes - acusadas de serem responsáveis por atrocidades - estavam se mobilizando para violar as resoluções da ONU. "A moral do exército nacional no norte de Darfur foi embora", ele escreveu. "Alguns generais foram saqueados; soldados têm se recusado a lutar." Depois disso, o exército liderou o pedido de expulsão de Pronk, "persona non grata", acusando-o de interferir nos assuntos internos das Forças Armadas. Segundo o ministro de Exteriores, Sammani al-Wasila, Pronk se afastou do objetivo de sua missão e perdeu a neutralidade. "Não temos o direito de comentar", disse ele. "Mas seu papel como enviado pessoal do secretário-geral significa que ele deveria ser neutro para ajudar a resolver os problemas, ao invés de criá-los." No Sudão, Khalil Ibrahim, o membro majoritário do grupo rebelde Frente Nacional de Redenção, disse à agência de notícias Reuters que o exército não "quer vozes livres no Sudão". O conflito O conflito na região começou em fevereiro de 2003 quando a milícia do MLS e a do Movimento de Justiça e Igualdade (MJI) iniciaram um levante armado contra a pobreza e marginalização da zona, reivindicando o controle de seus recursos naturais. Em três anos de conflito em Darfur, mais de 200 mil pessoas morreram e dois milhões tiveram que sair de suas casas. O conselho de Segurança da ONU determinou que 20 mil soldados sejam enviados para Darfur no lugar dos sete mil mal equipados da União Africana, que não conseguiram por um fim no conflito. Mas o Sudão disse que não vai permitir soldados de paz da ONU no território pois isso seria uma volta às regras coloniais. O ministro de Estado para Assuntos Internacionais do Sudão, Ali Karti, disse à BBC que o problema era Pronk e não a ONU.

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