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Enviado da ONU diz que 'substância' foi usada em ataque em Damasco

Entidade não revelou qual lado do conflito usou o material nem de que tipo ele é

Por Jamil Chade - CORRESPONDENTE
Atualização:

GENEBRA- A ONU confirmou nesta quarta-feira, 28, pela primeira vez oficialmente que "uma substância" teria sido utilizada no dia 21  num subúrbio de Damasco, na Síria, num ataque, supostamente com armas químicas, que matou ao menos 500 pessoas. A entidade alertou no entanto que uma intervenção militar estrangeira precisa ser antes aprovada pelo Conselho de Segurança, hoje profundamente dividido.

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A ONU evitou apontar os responsáveis pelo ataque enquanto seus inspetores continuam a examinar a área atingida e pediu que, se governos na Europa e EUA dizem ter provas dos responsáveis, as entregue à entidade para avaliação.

"O que ocorreu no día 21 de agosto, parece que algum tipo de substancia foi usada e que matou muita gente. Centenas. Alguns falam mais de mil", disse o enviado especial para a Síria Lakhdar Brahimi.  A Síria é agora a crise mais séria que desafia a comunidade internacional e o ataque nos serve de lição de que governos precisam se apressar para encontrar uma solução política.”

Segundo ele, os inspetores da ONU que ontem realizaram o segundo dia de visita aos locais afetados pelo ataque voltaram com  amostras. Na opinião do enviado, um ataque contra a Síria, como vem sendo anunciado por americanos e europeus, não será a solução. “Por princípio sou contra uma intervenção. O que precisamos é de uma solução política. A lei internacional é clara. Uma ação militar precisa passar pelo Conselho de Segurança da ONU. É o que diz a lei.”

Nos últimos dias, Washington, Paris e Londres vem dando sinais de que estariam dispostos a agir de forma unilateral. Mas, ainda assim, tentariam uma última iniciativa no Conselho.

Críticas. Brahimi criticou a passividade do Conselho de Segurança nos dois anos de guerra civil.  "Existem 100 mil mortos e eu não deixo de dizer que é um escândalo. O Conselho ficou paralisado por dois anos. Eles se dizem orgulhosos por serem os responsáveis pela paz e segurança no mundo. Mas na maior crise eles não fazem nada. Não precisava ter esperado um agente químico para se interessar pela Síria.”

O mediador continua apostando que poderá convocar uma conferência de paz que colocaria fim à guerra e que estabeleceria uma transição de poder na Síria. Mas a data de setembro originalmente programada não deve ser respeitada.

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"Americanos e russo me dizem que estão comprometidos com uma negociação. Mas se ela vai ocorrer, só saberemos se uma ação militar ocorrer ou não", disse. "Está claro que uma intervenção terá um impacto. Há quem diga que isso vai acelerar a negociação política. Há quem diga que isso vai gerar uma tentação para que não se negocie. Vamos ver", apontou.

 

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