Enviado norte-coreano ameaça abandonar negociações

Liberação do dinheiro depositado em Macau ainda atrapalha as conversas

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O negociador norte-coreano está prestes a deixar Pequim, após constatar a falta de avanço nas negociações de seis lados para que a Coréia do Norte recupere o dinheiro das contas que os Estados Unidos bloquearam há 15 meses, segundo diversas fontes. "A rodada pode ser suspensa nesta quinta-feira", disse à agência oficial chinesa Xinhua uma fonte diplomática que pediu anonimato. Segundo a agência japonesa Kyodo o negociador norte-coreano Kim Kye-gwan estaria no aeroporto, pronto para abandonar a capital chinesa. A Xinhua diz que o negociador russo, Alexander Losyukov, também planeja deixar Pequim nesta quinta-feira, 22. No entanto, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês disse em entrevista coletiva que o diálogo "não terminou ainda", que há "intensas discussões" e que "as dificuldades técnicas excederam as expectativas" da China. Fontes do centro de imprensa da Residência de Hóspedes de Estado de Diaoyutai, local das negociações, disseram que as conversas continuam. Porém, não deram mais detalhes. Negociações As conversas entre as duas Coréias, EUA, Japão, Rússia e China recomeçaram na segunda-feira, 19, num ambiente de otimismo em relação à aplicação do acordo de 13 de fevereiro, que prevê o desligamento do principal reator norte-coreano, Yongbyon, em troca de 50 mil toneladas de petróleo. Entretanto, na última quarta-feira, 21, o chefe da delegação japonesa em Pequim, Kenichiro Sasae, disse que as negociações multilaterais em torno do programa nuclear bélico da Coréia do Norte serão prorrogadas por mais alguns dias. O prazo termina no dia 13 de abril. No entanto, o conflito em torno dos US$ 25 milhões em contas norte-coreanas num banco de Macau bloqueadas pelos EUA em dezembro de 2005 criou um novo obstáculo para o diálogo. Os EUA anunciaram na segunda-feira que a disputa tinha sido resolvida. Mas deixaram a responsabilidade pelas contas nas mãos da Autoridade Monetária de Macau, uma ex-colônia portuguesa sob domínio da China e com independência econômica. Na manhã desta quinta-feira, o negociador americano, Christopher Hill, disse que se reuniria com o representante chinês, Wu Dawei, para analisar os trâmites administrativos relativos à transferência dos US$ 25 milhões do Banco Delta Asia (BDA), de Macau, para o Banco da China, em Pequim. Hill anunciou que houve "algum progresso" na operação, mas não deu mais detalhes. Segundo fontes russas, o Banco da China teme sanções como as aplicadas pelos EUA ao BDA. Os bancos americanos estão proibidos de fazer negócios com o de Macau. "Até onde sei, o Banco da China não quer aceitar a transferência dos fundos congelados do BDA", disse Alexander Losyukov à imprensa.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.