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Equador vai recontar votos após denúncias de fraude

Pedido de recontagem foi feito pelo líder indígena Yaku Pérez com o apoio do candidato de direita Gillermo Lasso

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Por Redação
Atualização:

QUITO - O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) aceitou nesta sexta-feira, 12,  realizar uma recontagem de votos em 17 das 24 províncias do Equador para dar transparência ao processo eleitoral depois de denúncias de fraude feitas pelo líder indígena Yaku Pérez

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“Revisaremos 100% da votação na Província de Guayas, incluindo as atas com atualizações, e revisaremos 50% da votação em 16 províncias. É importante destacar que é um processo d revisão contábil do pacote eleitoral”, disse a presidente do CNE, Diana Attamaint, após várias horas de deliberações sobre questões legais.

A decisão foi anunciada após o ex-banqueiro Guillermo Lasso e Pérez, que disputam uma vaga no segundo turno das eleições presidenciais no Equador, concordarem em solicitar uma recontagem de votos para descartar a possibilidade de fraude no primeiro turno.

Funcionários do Conselho Nacional Eleitoral fazem contagem dos votos no Equador Foto: Rodrigo Buendia/AFP

O líder indígena, um advogado ambientalista de 51 anos, disse que querem impedir sua participação no segundo turno – ele tinha 19,38% dos votos até ser empurrado para o terceiro lugar, na quarta-feira pelo conservador Lasso, de 65 anos, que obteve 19,74%.

Um deles disputará a presidência no segundo turno contra o economista Andrés Arauz, de 36 anos, candidato de Correa. Ele teve 32,7% dos votos, segundo apuração preliminar, que ontem tinha alcançado 99,96% das atas eleitorais. 

Durante reunião com Lasso na sede do CNE – da qual também participaram observadores internacionais, entre eles da Organização dos Estados Americanos (OEA) –, Pérez disse que há “uma oportunidade histórica de demonstrar ao país que não houve fraude e o processo eleitoral (de domingo) ocorreu de forma transparente”. 

“A história do Equador está marcada pela desapropriação”, disse o candidato indígena, referindo-se ao passado colonial e da indústria do extrativismo, assegurando que “a desapropriação não terminou” e “estão nos levando tudo”. “A desapropriação continua, hoje é de votos, a desapropriação de um sonho, de um projeto, da verdadeira esperança”, declarou.

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Pérez acusou da tentativa de fraude o que chamou de “um novo Nostradamus”, que “conhecia com antecedência os resultados” e “já não está no Equador”, em clara alusão ao ex-presidente Rafael Correa.

Lasso, que viajou de Guayaquil a Quito para a reunião, apoiou a proposta de recontar os voto. “Que seja feita a recontagem dos votos no marco da lei, pois se não tivermos a lei como base estaremos abandonando o Estado de direito e isso é o caminho mais perigoso para produzir um caos, uma desordem totalmente fora do objetivo do povo equatoriano”, disse. 

União

A lei estipula que os resultados eleitorais devem ser apresentados dez dias após as eleições – no caso, a próxima quarta-feira. Isso dificultará a realização de uma apuração completa como exige Pérez. Por isso, a revisão poderia ser realizada em apenas sete províncias.

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O candidato conservador estendeu a mão ao rival para uma luta comum contra o correísmo. “Temos um adversário em comum. E, como não podemos permitir que retorne, este diálogo é imperativo, é necessário, pois mais de 68% da população disse não a esse modelo”, afirmou o conservador. Lasso disse que a maior parte das opções teve o “denominador comum de não permitir que retorne ao Equador o modelo totalitário, que somente dividiu a sociedade equatoriana e cometeu atos de corrupção e enganou o povo”.

O governo do presidente Lenín Moreno, cujo mandato de quatro anos termina em 24 de maio, assegurou que colocará à disposição “os recursos econômicos necessários para o processo de recontagem”, indicou ontem um comunicado do Ministério das Finanças. / AFP e EFE

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