Equipe ultrassecreta do Exército americano fez cerco que matou líder do Estado Islâmico

Quantos homens, e eventualmente também mulheres, participaram da ação de extração de Abu Bakr al-Baghdadi de seu abrigo e da destruição do complexo em um vilarejo próximo da cidade síria de Barisha é informação reservada

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Eram talvez 12, mas com certeza não eram menos de oito os helicópteros negros, grandes, ao menos três deles artilhados, armados com canhões de 30 mm e oito mísseis Hellfire em cada um. Todos modelos de baixo nível de ruído e equipados com bloqueadores de sinais eletrônicos.

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Acima deles, estavam os drones, as aeronaves sem piloto, dotadas de sensores digitais e recursos de visualização de alta definição. No perímetro externo, um círculo calculado em dezenas de quilômetros, caças pesados de escolta.

O recurso principal da operação seguia, entretanto, embarcado nas aeronaves do centro do comboio esparso -, o time do Esquadrão A da Força Delta, uma das mais poderosas, mortais e secretas unidades do Exército americano, especializada em antiterrorismo.

O grupo, também designado como 1.º Destacamento Delta Operacional, fica em Fort Bragg, na Carolina do Norte. E isso é uma das poucas coisas que se sabe a seu respeito.

Abu Bakr al-Baghdadi, líder do grupo jihadista Estado Islâmico, já foi dado como morto diversas vezes Foto: AP

Quantos homens, e eventualmente também mulheres, participaram da ação de extração de Abu Bakr al-Baghdadi de seu abrigo e da destruição do complexo em um vilarejo próximo da cidade síria de Barisha é informação reservada.

O emprego de cães de ataque foi revelado por Donald Trump em tom de pesar. Afinal, um dos animais foi ferido durante a ação.

Os “operadores”, como é conhecida a tropa do Comando Delta, chegaram ao refúgio, mais simples que o de Osama bin Laden, morto no Paquistão em 2011, seguindo indicações de uma das três mulheres do líder extremista.

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Ela foi presa pela CIA quando viajava acompanhada de um mensageiro do marido. Os dois foram interrogados. Quando e onde? Informação reservada.

Um perfil impecável para uma tropa de elite

Os candidatos ao Delta devem ter mais de 21 anos, condições físicas impecáveis e não menos de dois anos de serviço militar. É só a primeira etapa de um ciclo que, de acordo com as habilidades de cada um, pode demorar até além de um ano. Quanto mais e por quais motivos? Informação reservada.

Na etapa de campo, há de tudo e sempre em medida extrema. Nadar 100 metros de costas com todo o equipamento, saltar de paraquedas, sair de um submarino pelo tubo dos torpedos, correr, escalar, lutar com facas, dominar técnicas de combate corpo a corpo, fazer explosivos com artigos domésticos e invadir fechaduras.

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Claro, além de praticar tiro de alta precisão com vários tipos de armas, ensaiado primeiro com um alvo em movimento, depois com dois, três e finalmente quatro, mais outros operadores da Força - todos no mesmo ambiente. Fuzis M-4 e pistolas 9 mm são carregadas com munição especial, própria para ambientes restritos.

A avaliação é feita por vários psicólogos, analistas comportamentais, psiquiatras, fisiologistas, instrutores militares e professores.

Cada Delta deve ter formação acadêmica básica em geopolítica e relações internacionais. A nota final é dada pelo comandante. Quem é ele e qual é o tamanho do efetivo que chefia? Informação reservada.

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Prioridade era capturar terrorista com vida

A prioridade da equipe que caçou Baghdadi era tentar capturá-lo com vida, segundo uma fonte da inteligência da Turquia, citada pela imprensa em Jerusalém. A resistência da guarda e, depois, a detonação do colete de explosivos usado pelo líder do Estado Islâmico (EI) para se matar ao constatar que seria detido junto com três meninos, provavelmente seus filhos (as crianças não sobreviveram), frustrou a meta, mas não o objetivo - o homem do terror está morto.

O terrorismo radical que ele pregava e utilizava largamente, não. Abu Bakr preparou vários sucessores. O mais destacado é Abu Hassan al-Muhajir, o porta-voz do movimento.

Na lista estariam também Abu Salen al-Obaidi, uma espécie de ministro da Defesa, o religioso Abu Arkan, e o chefe do EI na Líbia, Abdel al-Nadji.

Um problema adicional: alguns deles podem ter sido eliminados em ataques pontuais realizados com drones, conforme admitiu o secretário de Defesa, Mark Esper. Onde foram localizados esses personagens? Informação reservada.

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