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Equipes identificam destroços de tsunami em praias americanas

Bolas e um banheiro completo estão entre objetos encontrados; destroços podem continuar chegando nos próximos anos

Por Ligia Hougland
Atualização:

WASHINGTON - Mais de um ano e meio depois do tsunami que destruiu comunidades costeiras inteiras do Japão, continuam chegando escombros deixados pela catástrofe a milhares de quilômetros de distância, na costa oeste dos Estados Unidos. Especialistas acham que a maior parte dos destroços ainda está por chegar à costa americana.

 

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Para a Agência Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla em inglês), esses itens continuarão chegando aos Estados Unidos e ao Canadá por muitos anos. "A maior parte deve começar a aparecer a partir de outubro e durante o próximo inverno norte-americano", diz o oceanógrafo Curtis Ebbesmeyer, editor do blog Beachcombers Alert, direcionado a pessoas interessadas em vasculhar praias à procura de objetos. "Estimo que veremos escombros do tsunami japonês pelos próximos 60 anos. Até agora menos de 1% dos destroços alcançou nossas costas".

 

Buscas

 

Para lidar com a grande quantidade de destroços que chegam, a NOAA organizou um esquema com a ajuda de empresas e indivíduos independentes para identificar e resgatar o que chega ao território marítimo dos Estados Unidos. O objetivo da iniciativa é reduzir os possíveis impactos que esses objetos flutuantes possam ter sobre os recursos naturais e as comunidades costeiras.

 

O proprietário da Azimuth Expeditions, uma empresa de excursões em caiaque, Kenneth Campbell, é um dos parceiros da NOAA e, até agora, já realizou três expedições pelas ilhas do Estado de Washington em busca de destroços do tsunami japonês. Campbell e seus colegas já encontraram uma grande quantidade dos mais variados itens na costa Pacífica do país. Mas o que mais impressionou o explorador foi um banheiro completo do que um dia foi uma casa japonesa. "Foi uma sensação bem estranha, como se estivesse bisbilhotando em um lugar íntimo da casa de uma família. Encontrei um armário ainda com frascos de remédio e um assento sanitário para criança, além de várias outras parte de um banheiro", disse Campbell à BBC Brasil.

 

Outro momento que marcou Campbell nos 20 dias de buscas por escombros no mar foi quando ele encontrou uma bola de futebol de um time de Otsuchi, uma comunidade de mais de 800 anos localizada no norte do Japão que foi devastada pelo tsunami. "Estamos no processo de devolver a bola ao time, o que será muito gratificante", disse Campbell.

 

Identificação

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O governo do Japão estima que o terremoto seguido de tsunami que atingiu o país em 11 de março do ano passado, deixando 16 mil mortos e 6 mil pessoas feridas, também resultou em cerca de 5 milhões de toneladas de destroços que agora se encontram no Oceano Pacífico.

 

Aproximadamente 70% dos escombros devem ter afundado quase imediatamente. O resto, cerca de 1,5 milhão de toneladas de destroços, boia no Pacífico Norte, a maior parte, acredita-se, a meio caminho entre o Japão e os Estados Unidos, ao norte das ilhas do Havaí. O processo de identificação dos escombros é extremamente difícil e dispendioso. Até o início deste mês, a NOAA já tinha recebido aproximadamente 1.305 relatos sobre localização de destroços, mas apenas 11 desses foram confirmados como originados pelo tsunami japonês.

 

A NOAA afirma que não há motivo para evitar as praias. Especialistas em radiação acreditam que é muito improvável que os destroços sejam radioativos, e o fato de estarem dispersos, e não reunidos em uma massa única, diminui ainda mais o fator de risco. No entanto, a diretora do programa de escombros marinhos da NOAA, disse que os restos do tsunami e outros escombros precisam ser tratados com seriedade. Segundo Nancy Wallace, esta é uma situação "sem precedentes", já que nunca houve um caso de destroços circulando pelos oceanos nessa escala.

 

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Texto alterado às 11h48 para correção de informação

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