Escândalo derruba 3 ministros e põe pressão sobre premiê turco

Um dos demissionários diz que Erdogan também é responsável por casos sob investigação policial e pede sua renúncia

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Por ANCARA
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Um escândalo de corrupção no alto escalão do governo da Turquia fez ontem três ministros anunciarem a renúncia - um deles pedindo que o primeiro-ministro turco, o islamista moderado Recep Tayyip Erdogan, também deixe o poder.Em resposta, o premiê anunciou a substituição de dez ministros - a metade de seu gabinete. Entre eles, está o encarregado de Assuntos Europeus de Ancara, Egemn Bagis, citado no caso de corrupção, mas que não havia renunciado, além de outras pastas estratégicas, como a da Justiça. A polícia turca investiga a suposta transferência de dinheiro de pessoas ligadas a Erdogan e ao partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco) ao Irã, além de pagamento de propina na construção de obras públicas e corrupção envolvendo um banco estatal. Os três ministros que deixaram os cargos ontem - Erdogan Bayraktar (Meio Ambiente), Zafer Caglayan (Economia) e Muammer Guler (Interior) - tiveram filhos presos na última semana, juntamente com outras 22 pessoas. Os nomes dos acusados constam em uma lista da polícia divulgada na imprensa turca, causando grande constrangimento ao governo.O escândalo colocou Erdogan em rota de colisão com o Judiciário e despertou um sentimento antigoverno que havia arrefecido desde os protestos de rua de meados deste ano. Os ministros da Economia e do Interior defenderam o primeiro-ministro, mas, em entrevista, o responsável pela pasta do Meio Ambiente exortou Erdogan a também se afastar do poder."Grande parte dos projetos (sob investigação) foram aprovados pelo primeiro-ministro. Quero expressar minha crença de que o estimado premiê também deve renunciar", disse Bayraktar à imprensa turca.O comentário deve fazer crescer a pressão sobre Erdogan, mesmo com as demissões dos outros dois integrantes do gabinete. / REUTERS

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