
26 de dezembro de 2013 | 02h02
Um escândalo de corrupção no alto escalão do governo da Turquia fez ontem três ministros anunciarem a renúncia - um deles pedindo que o primeiro-ministro turco, o islamista moderado Recep Tayyip Erdogan, também deixe o poder.
Em resposta, o premiê anunciou a substituição de dez ministros - a metade de seu gabinete. Entre eles, está o encarregado de Assuntos Europeus de Ancara, Egemn Bagis, citado no caso de corrupção, mas que não havia renunciado, além de outras pastas estratégicas, como a da Justiça.
A polícia turca investiga a suposta transferência de dinheiro de pessoas ligadas a Erdogan e ao partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco) ao Irã, além de pagamento de propina na construção de obras públicas e corrupção envolvendo um banco estatal.
Os três ministros que deixaram os cargos ontem - Erdogan Bayraktar (Meio Ambiente), Zafer Caglayan (Economia) e Muammer Guler (Interior) - tiveram filhos presos na última semana, juntamente com outras 22 pessoas. Os nomes dos acusados constam em uma lista da polícia divulgada na imprensa turca, causando grande constrangimento ao governo.
O escândalo colocou Erdogan em rota de colisão com o Judiciário e despertou um sentimento antigoverno que havia arrefecido desde os protestos de rua de meados deste ano. Os ministros da Economia e do Interior defenderam o primeiro-ministro, mas, em entrevista, o responsável pela pasta do Meio Ambiente exortou Erdogan a também se afastar do poder.
"Grande parte dos projetos (sob investigação) foram aprovados pelo primeiro-ministro. Quero expressar minha crença de que o estimado premiê também deve renunciar", disse Bayraktar à imprensa turca.
O comentário deve fazer crescer a pressão sobre Erdogan, mesmo com as demissões dos outros dois integrantes do gabinete. / REUTERS
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