Escândalo Petraeus envolve chefe de ações no Afeganistão e agente do FBI

Investigação sobre caso que levou à renúncia o diretor da CIA esbarra em uma série de e-mails trocados entre o general John Allen e Jill Kelley

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Por Redação
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WASHINGTON - O general John Allen, comandante da Otan e das forças americanas no Afeganistão, foi envolvido no escândalo sobre um caso extraconjugal admitido pelo general David Petraeus, que se demitiu do cargo de diretor da CIA na sexta-feira. Um agente do FBI que deu início às investigações em julho - e até esta terça-feira, 13, não teve a identidade revelada - também está sob investigação, de acordo com o diário The Wall Street Journal.

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Allen está sendo investigado por "comunicação imprópria" com Jill Kelley, que vive em Tampa, na Flórida, e era considerada uma rival pela amante de Petraeus, Paula Broadwell, em razão da atenção que ele dava a ela. Jill recebeu e-mails hostis e ameaçadores de Paula e os enviou para um agente do FBI - que abriu a investigação e, agora, também é alvo de inquérito por ter trocado mensagens de conteúdo erótico com a mulher.

Num comunicado, o secretário da Defesa, Leon Panetta, declarou que o FBI enviou o "caso envolvendo" o general Allen ao Pentágono. Panetta passou o caso ao inspetor-geral do Pentágono para que conduza uma investigação sobre "20 mil a 30 mil páginas de documentos" - a maior parte e-mails, muitos também com conteúdo erótico, trocados entre Allen e Jill, que é casada e tem filhos.

Um funcionário do FBI em Washington disse que os investigadores do departamento, ao tratar da queixa apresentada por Jill sobre e-mails que recebera de Paula, examinaram toda a correspondência recebida por ela como medida de rotina. Nesse processo, encontraram os e-mails de Allen.

"Quando você está envolvido num caso assim, tem de examinar tudo", disse o funcionário, sugerindo que Jill pode não ter pensado nessa possibilidade quando apresentou a queixa. "A questão, de fato, é por que uma pessoa decide abrir essa caixa de Pandora."

O funcionário não deu mais detalhes do conteúdo dos e-mails trocados entre Allen e Jill nem especificou por que o FBI decidiu passar os documentos para o Departamento de Defesa. "Diante da natureza dos e-mails, eles foram enviados para o Departamento de Defesa", disse.

Com base no código militar americano, adultério é considerado crime. Allen, que também é casado, afirmou às autoridades do Pentágono que não fizera nada errado. O comunicado de Panetta elogia o general Allen por seu comando no Afeganistão, afirmando que ele "terá direito a um processo justo nesse caso".

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No entanto, a investigação do Pentágono abre a porta para a ampliação do escândalo, que agora envolve os dois mais importantes generais de sua geração: Petraeus, que esteve no alto-comando no Iraque e no Afeganistão antes de se tornar diretor da CIA, e Allen, que também serviu no Iraque e hoje comanda 68 mil soldados americanos no Afeganistão.

Embora o general Allen continue no comando no Afeganistão, Panetta afirmou ter solicitado ao presidente Barack Obama adiar a nomeação do general para o comando das forças americanas na Europa e o comando aliado da Otan, duas posições que ele assumiria depois de ser ratificado pelo Senado. Panetta disse que Obama concordou com o pedido.

Com The Washington Post e Reuters