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Escândalo põe setor petrolífero peruano sob suspeita

Por AFP
Atualização:

O governo do Peru foi abalado na noite de domingo pela denúncia de um esquema de recebimento de comissões ilegais para a concessão de contratos petrolíferos a uma empresa norueguesa. O escândalo provocou a renúncia do ministro das Minas e Energia, Juan Valdivia. A denúncia foi feita durante o programa Cuarto Poder, da América Televisión, que divulgou quatro fitas gravadas entregues pelo jornalista Fernando Rospigliosi, ministro do Interior no governo do ex-presidente Alejandro Toledo. As fitas revelaram diálogos entre o vice-presidente da Perupetro, agência reguladora do setor petrolífero, Alberto Quimper, e Rómulo León, ex-ministro da Pesca do atual presidente, Alan García. Os dois conversaram sobre o pagamento de propinas, que seria feito pela Discover Petroleum em troca de concessões de lotes para exploração de petróleo no país. Em setembro, a empresa norueguesa obteve do governo peruano permissão para perfurar no litoral norte e na região de Madre de Dios, perto da Bolívia. Além de destituir Quimper, García suspendeu ontem os contratos com a Discover Petroleum e disse ter aceitado a renúncia de Valdivia, que era responsável pela regulamentação do setor, e também a do presidente da operadora Petroperu, César Gutiérrez. "Em nosso governo há pudor e responsabilidade política. Dessa forma, queremos enviar uma mensagem clara e atingir a todos os que querem corromper", afirmou o presidente durante cerimônia pública em Cuzco. Em entrevista a uma rádio peruana, Valdivia negou qualquer participação no esquema e afirmou ter renunciado por "dignidade e respeito ao presidente García". O presidente da Perupetro, Daniel Saba, disse ontem que o processo de licitação do qual participou a companhia norueguesa foi feito com "total transparência" e não houve, segundo ele, qualquer ajuda à Discover Petroleum. Tanto a Braskem quanto a Petrobrás têm investimentos no Peru. Em maio, as duas assinaram um contrato para implementar no país um projeto petroquímico integrado para a produção de etileno e polietileno. A Petrobrás tem também permissão para exploração de cinco lotes que ainda em fase inicial de operação. A líder da oposição e ex-candidata presidencial Lourdes Flores disse que o escândalo de corrupção é a "primeira prova evidente do desarranjo do governo de García". Lourdes lembrou que os envolvidos de maneira direta no esquema, León e Quimper, são amigos pessoais do presidente García.

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