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Escândalos não abalam campanha de Cristina

Para alívio do casal Kirchner, que tenta manter-se no poder, argentinos valorizam mais o desempenho econômico do que casos de corrupção

Por Ariel Palacios
Atualização:

A candidatura da primeira-dama e senadora Cristina Fernández de Kirchner à presidência argentina, lançada quinta-feira, está conseguindo passar incólume pelos escândalos de corrupção que, ao longo da semana, envolveram vários ministros do governo de seu marido, o presidente Néstor Kirchner. Segundo analistas, para os eleitores argentinos, assim como de outros países da região, o desempenho da economia pesa mais do que os casos de corrupção. Eles também indicam que, caso não ocorra algo mais grave, o governo Kirchner conseguirá eleger Cristina em 28 de outubro. A ministra da Economia, Felisa Miceli, renunciou segunda-feira por causa de um escândalo apelidado de "banheirogate". Foi encontrado no banheiro do escritório de Felisa uma sacola com dinheiro cuja origem ela não conseguiu explicar. Na terça-feira, a ministra da Defesa, Nilda Garré, foi indiciada por suspeita de contrabando de armas. Além disso, a secretária de Ambiente, Romina Picolotti, é acusada de usar o órgão como cabide de emprego. Para Roberto Bacman, diretor do Centro de Estudos de Opinião Pública, são "casos" que ainda não se tornaram "escândalos". Ele disse ao Estado que o banheirogate afetou pessoalmente a ex-ministra, "mas não causou danos" ao governo. "No caso de Nilda Garré, a questão ainda está meio morna e duvido que vá crescer", acrescentou. "A crise energética e o aumento dos preços pesam mais do que os casos de corrupção", assinalou Bacman. "No início da semana, verificamos que somente 22% dos argentinos acham que o caso Felisa pode influenciar o governo negativamente; outros 30% dizem que não sabem e 45% afirmam que não influenciará." Bacman lembra que, em 1995, o governo do então presidente Carlos Menem estava imerso em escândalos mais graves. Mas, na ocasião, os eleitores "pensaram com o bolso" e esqueceram a corrupção. "O ex-presidente Fernando de la Rúa, por exemplo, não caiu pelo escândalo de subornos no Senado, mas sim pelo ?corralito? (confisco bancário). Por isso, se tudo continuar como está, Cristina ganha confortavelmente." O analista Carlos Fara concorda que esses casos não estão afetando Cristina. "É preciso lembrar que os casos de corrupção incomodam os eleitores da classe média. Mas são os eleitores da classe baixa que votam no casal Kirchner."

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