Escola forma bruxas, mas não ensina a voar em vassoura

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Por Agencia Estado
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A Escola de Bruxaria de Andreas Starchel não ensina suas estudantes a voar em vassouras. Em contrapartida, há cursos de astronomia, botânica, anatomia e outras ciências, além de oráculo, tarô, horóscopo, magia e a arte do zaori. A bruxaria moderna, dizem os professores, é uma aplicação particular da ciência tradicional. "A bruxa tem uma visão holística da vida e dá conselhos. A bruxa ajuda os seres humanos", defende Sonja Mulmintzer, diretora da escola, ao lado de Starchel. Aguçar os sentidos Suas aprendizes de bruxas nada têm a ver com as feiticeiras que aparecem nos contos nem com as aventuras de Harry Potter. As estudantes aprendem a aguçar os sentidos para absorver a informação que a maioria das pessoas filtra, diz Starchel, um auto-intitulado druída. Também aprendem a descobrir novas relações entre as ciências. "Nos dias de hoje, todo mundo está bastante especializado", afirma. "Os druidas e as bruxas são pessoas muito instruídas, mas não em apenas uma disciplina." Starchel e Kulmitzer começaram a dar cursos de bruxaria em 1998. A princípio, a carreira de três anos consistia em seminários mensais. Para participar, era necessária viajar a Klagenfurt, uma cidade da Áustria situada cerca de 350 quilômetros a sudoeste da capital, Viena. Venefica Porém, a maior parte dos interessados morava longe demais e poucas pessoas apareciam nos seminários. Desta forma, os professores criaram um curso de correspondência para aprendizes de bruxas e druidas dividido em sete módulos. Os aprovados no exame final de cada módulo precisam então escrever uma tese que tenha entre 25 e 30 páginas para receber o "Certificado de Venefica", um documento inventado por Starchel e Kulmitzer. "Venefica" significa bruxa em latim. "Esperamos que isto se transforme numa regra para as bruxas", comenta Kulmitzer. "Queremos estabelecer um padrão de qualidade. Há muitas pessoas que dizem ser bruxas só porque sabem fazer um chá de maçã." Os estudantes pagam 109 euros por módulo. Se quiserem instruções via internet, pagam 145 euros. Para obter o certificado, é necessário passar no exame final de cada módulo. A prova custa mais 70 euros. Zaori O exame de zaori inclui um mapa da Caríntia, província do sul da Áustria onde fica Klagenfurt, sobre o qual os alunos seguram pêndulos em busca de linhas de energia. O pêndulo funciona como uma varinha de zaori, diz Kulmintzer. Até o momento, apenas três alunos concluíram um curso. Porém, há mais de 100 aprendizes nos módulos intermediários. A jovem Karin Isambarth, de Salzburgo, matriculou-se em 1999 e espera graduar-se no fim deste ano. "Para mim, o importante é assimilar todo este conhecimento", diz Isambarth, que se considera uma bruxa. "É impossível aprender tudo apenas nas aulas. É preciso continuar trabalhando." Ritos mágicos Segundo Starchel, tudo possui uma base científica. No entanto, ele comenta ser necessário talento para usar a bruxaria em benefício dos outros. Os ritos mágicos são eficazes para os que acreditam neles, porque iniciam dois processos: o da percepção seletiva e o da profecia auto-referente, que ajudam os usuários a atingirem seus objetivos, garante. "Os cursos de administração de empresas utilizam os mesmos métodos, mas nunca se atreveriam a falar sobre magia." A maior parte das estudantes é formada por terapeutas e poucas esperam viver de bruxaria. O próprio Starchel é um técnico na Universidade de Klagenfurt; Kulmitzer é cantora de jazz. Enquanto isso, Isamberth explica que ser bruxa afeta quase todos os aspectos da vida. "Uma bruxa o é durante as 24 horas do dia", diz. "É uma postura perante a vida e é preciso viver de acordo com essa filosofia."

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