Escolha de presidente e chanceler da UE recebe críticas

Herman Van Rompuy e Catherine Ashton teriam 'pouco peso' para novos cargos de liderança na UE.

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Por Marcia Bizzotto
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A nomeação do primeiro presidente do Conselho Europeu e do Alto Representante para Política Exterior da União Europeia foi alvo de críticas de muitos diplomatas e de parte da imprensa europeia, que consideram que os eleitos têm pouca experiência e peso político para os cargos que deverão ocupar. Na quinta-feira os governantes dos 27 países do bloco decidiram, por unanimidade, dar a Presidência ao atual primeiro-ministro belga, Herman Van Rompuy, e a chefia da diplomacia do bloco à atual comissária de Comércio, a britânica Catherine Ashton. Ambos cargos foram criados pelo Tratado de Lisboa com o objetivo de "dar uma voz mais forte à UE no cenário internacional", mas tanto Van Rompuy como Ashton são vistos como políticos formadores de consenso, não de liderança. Para o deputado europeu Daniel Cohn-Bendit, líder do Partido Verde francês, a UE "chegou ao fundo do poço" com a nomeação de "um presidente do Conselho insosso e um Alto Representante insignificante". Mas o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, defende que "não poderia haver melhor opção" para liderar a UE. Os Estados Unidos disseram que ambas as nomeações fortalecerão a parceria com a Europa. Diplomatas de vários países, falando sob condição de anonimato, afirmaram que a escolha foi impulsionada pela França e Alemanha, que não queriam ver nessas importantes posições líderes que pudessem fazer sombra aos governos nacionais. Entre os nomes apontados para o cargo de presidente da UE estava o ex-premiê britânico Tony Blair. Em troca do apoio ao belga e à britânica, os dois governos estariam agora negociando importantes carteiras no Executivo europeu para seus novos comissários. 'Discreto' A ideia de que a UE preferiu optar por políticos que teriam menos peso acabou sendo sublinhada por declarações do próprio Van Rompuy, que em seu discurso de agradecimento prometeu ser um presidente "discreto" e "ouvir todos e todas as opiniões". Economista de formação, o democrata-cristão Van Rompuy tem como mérito ter tirado a Bélgica de uma crise política sem precedentes ao assumir como primeiro-ministro há dez meses, depois de três tentativas frustradas de seu companheiro de partido Yves Leterme. "Toda minha vida política tem sido marcada pela busca do entendimento e do respeito tanto de adversários como de parceiros. Pretendo continuar pelo mesmo caminho", disse. Como presidente europeu, Van Rompuy representará os quase 500 milhões de cidadãos do bloco nas negociações internacionais e presidirá as cúpulas de chefes de Estado e de governo lado a lado com o presidente de turno da UE, uma figura que será mantida. 'Tranquila' Por sua parte, a trabalhista Ashton disse que pretende exercer uma "diplomacia tranquila" à frente do novo serviço diplomático da UE, que acumula as funções de Alto Representante, comissária de Relações Exteriores e vice-presidente do Executivo. Também formada em economia, a atual comissária britânica responsável por Comércio é elogiada em Bruxelas por ter concluído com sucesso importantes negociações com a Coreia do Sul e com os Estados Unidos. Mas seus críticos alegam que ela só foi nomeada por ser britânica e mulher, o que serviu para conquistar o apoio da Grã-Bretanha à designação de Van Rompuy e para satisfazer a insistência de diversas personalidades da UE para que um dos altos cargos fosse reservado a um representante do sexo feminino. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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