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Escolha de vice pouco afeta eleição nos EUA

Pesquisas não se alteram após entrada do deputado Paul Ryan na chapa republicana

Por Denise Chrispim Marin
Atualização:

FREDERICK, EUA - Entre críticas e elogios de políticos e especialistas, a escolha do deputado Paul Ryan como candidato a vice-presidente na chapa republicana animou pouco o eleitorado americano. Pesquisa do instituto Gallup, divulgada na semana passada, apontou um ganho de apenas 1 ponto porcentual para Romney desde o anúncio. O resultado não alterou o empate técnico com o presidente dos EUA e candidato à reeleição, Barack Obama.

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Na pequena Frederick, reduto republicano no Estado democrata de Maryland, a reação não foi diferente. A cidade de 45 mil habitantes é governada por um prefeito republicano, Randy McClement e vive em torno do Fort Detrick, um centro de pesquisa médica e biológica do Exército, e da proximidade da capital Washington, a 80 quilômetros de distância.

O presidente do Clube Republicano local, Joe Cohen, está insatisfeito não só com a escolha de Ryan, mas também de Romney. Nas primárias, ele votou no deputado Ron Paul, um radical defensor do Estado mínimo, que não obteve a nomeação.

"Ryan não tem em mente a necessidade de expandir a economia americana. Ele apenas pretende mudar o tamanho das fatias do bolo", afirmou Cohen, em sua loja de charutos no centro de Frederick. "Certamente, votarei em Romney, mas os dois são muito ruins. Estou um pouco desiludido."

Uma pesquisa na página do Partido Republicano de Frederick, entre os dias 30 de abril e 10 de agosto, apontou outros desiludidos com a escolha – Ryan ficou em quarto lugar entre os favoritos a vice, atrás de Rick Santorum, ex-senador da Pensilvânia; Marco Rubio, senador da Flórida; e da ex-secretária de Estado Condoleezza Rice.

David Bogush, gerente da joalheria Landis, diz ser um eleitor independente e satisfeito com a escolha de Ryan. Ele votou no Partido Republicanos nas últimas três eleições presidenciais e afirma que não deve mudar seu voto. Segundo ele, Obama gastou dinheiro público sem obter os resultados esperados.

"Acho que há melhores maneiras de governar e os republicanos sabem como fazer isso", afirmou. "A escolha de Ryan como vice foi boa. Ele é esperto nas questões de economia e negócios, mas ainda preciso ouvi-lo sobre política externa."

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Outro eleitor independente, David González, dono da barbearia East Patrick, votará em Obama porque a situação econômica, segundo ele, é resultado de políticas republicanas. Ryan, para ele, tem pouca experiência. "Seu único mérito foi reconhecer o fato de Obama ter herdado um país com a economia enfraquecida e com os empregos transferidos para a Ásia", disse.

Uma pesquisa Gallup, uma das primeiras divulgadas após a indicação de Ryan, apontou Obama com os mesmo 45% das intenções de voto que ele tinha antes da escolha de Romney, que subiu dentro da margem de erro – 46% para 47%.

A reação dos eleitores republicanos e independentes à escolha de Ryan, para analistas, está associada à forma como eles veem a proposta de orçamento para 2013 apresentada pelo deputado. Trata-se de um texto que prevê cortes em gastos sociais e em investimentos em infraestrutura.

Para Steve Grand, assessor de Ryan, a proposta deve "empolgar" a campanha republicana. "Esse é um plano fiscal responsável e acho que os independentes entenderão", disse. Linda Moore-Forbes, veterana de campanhas democratas, discorda. De acordo com ela, Romney é contra tópicos da proposta, o que pode levá-lo a perder votos de eleitores republicanos. "Esse plano é, definitivamente, impopular."

 

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