Escolha de Volcker para comitê econômico foi sábia, diz Meirelles

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Por Adriana Fernandes e Rui Nogueira
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O presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, disse ao Estado que admira o responsável pelo novo Comitê de Recuperação Econômica dos Estados Unidos, Paul Volcker, e afirmou que o presidente eleito Barack Obama vai formar um "sólido" conselho. "Conheço a todos pessoalmente e recebo as indicações com confiança", disse. Para Meirelles, a escolha de Volcker demonstra "sabedoria". "Ele tem características que o tornaram um dos mais bem-sucedidos presidentes de bancos centrais da história: visão, preparo técnico, liderança e coragem pessoal", afirmou Meirelles. Para o presidente do BC, a "coragem pessoal" é uma característica essencial para um chefe de Banco Central. No Planalto, a visão fornecida pelos diplomatas brasileiros que monitoram a formação da equipe econômica de Obama consolidou a idéia de que o novo governo dos EUA vai dar um choque na crise e "tentar adotar as medidas mais duras no primeiro semestre de 2009, controlar a crise no segundo semestre e entrar em 2010 respirando", segundo resumiu ao Estado um assessor presidencial. "Na linha Maquiavel, que mandava fazer o mal de uma vez só", acrescentou, lembrando os conselhos do pensador italiano, Nicolau Maquiavel (1469-1527), autor do clássico de ciência política O Príncipe. SALVAR EMPREGOS A crença do governo brasileiro sobre a forma de agir da equipe vem da análise do perfil dos escolhidos. "É gente que mete a mão na massa, gente que faz o que precisa ser feito", disse um político próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. " Obama terminou a campanha adoçando a classe média, falando em ajudar os endividados pelos negócios no setor imobiliário, mas já dá sinais de que vai fazer uma profunda reforma fiscal", disse ele. Outra crença do Planalto e da equipe econômica brasileira é que o novo governo deverá salvar a indústria automobilística por saber que o custo social da quebra é maior do que a manutenção das empresas. Acreditam que Obama tende a usar o sacrifício fiscal imposto pela Casa Branca ao governo e ao país como exemplo a ser seguido pelas grandes fábricas de carros. A estratégia seria salvar os negócios, impor uma reestruturação severa ao setor, levar as empresas a fazer fusões em nome da sobrevivência e do mínimo desemprego possível.

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