O governo espanhol atribuiu ao ETA o atentado cometido neste sábado, 30, no aeroporto de Madri, onde a explosão de uma caminhonete feriu pelo menos 20 pessoas, e considerou terminado o cessar-fogo que o grupo terrorista anunciou em março. "É o ETA e o ETA, ninguém mais", disse o ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, em entrevista coletiva, na qual acrescentou que o país está "diante uma situação distinta" após este atentado - o primeiro desde que o grupo separatista basco declarou um cessar-fogo permanente em 22 de março. Segundo o ministro do Interior, o ataque "interrompe nove meses sem ações violentas por parte do ETA". Após ser comunicado sobre o atentado, o chefe do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, decidiu suspender suas férias natalinas no sul da Espanha e retornar a Madri para acompanhar a evolução da situação provocada pelo atentado no aeroporto de Barajas. Esta tarde, Zapatero se reunirá com os meios de comunicação para oferecer uma primeira avaliação do ocorrido, anunciou o ministro do Interior. O chefe do governo foi informado imediatamente da explosão, ocorrida às 6h de Brasília num dos estacionamentos do terminal quatro do aeroporto, pouco depois que um porta-voz da ETA anunciar a existência da caminhonete carregada com explosivos. Zapatero entrou em contato com o líder conservador espanhol, Mariano Rajoy, que exigiu que o Executivo "suspenda qualquer contato com a organização terrorista ETA e qualquer negociação com os etarras, e retorne à firmeza do Estado de direito". O presidente do Partido Popular (PP) disse em entrevista coletiva em Pontevedra (Galícia) que o governo socialista tem agora a obrigação de "dar segurança aos espanhóis" e tranqüilidade à sociedade. Seu partido, acrescentou, reafirma "as convicções e posições que veio mantendo ao longo dos últimos meses", ou seja, a total recusa a negociar com o ETA enquanto o grupo terrorista não entregar as armas. O ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, também informou na entrevista coletiva que "há uma pessoa desaparecida" desde a explosão da caminhonete e que as forças de segurança do Estado estão tentando localizá-la. Pérez Rubalcaba expressou sua surpresa com o atentado, que considerou "grave e forte", e disse que "ninguém poderia imaginar" que o ataque aconteceria, porque, em ocasiões anteriores em que o ETA rompeu tréguas, o fez após divulgar um comunicado. "Não estamos diante de um processo racional ou pessoas racionais", disse o ministro, que pediu ao líder do Batasuna (braço político do ETA, na ilegalidade), Arnaldo Otegi, que aproveite a oportunidade para condenar a ação terrorista. O Batasuna nunca condenou um atentado do ETA, organização terrorista que assassinou mais de 850 pessoas desde 1968 em sua luta por um Estado basco independente.