Espanha irá fabricar barcos de guerra para a Venezuela

Firmado nesta sexta-feira, acordo que prevê o envio de nove embarcações e dez aviões militares ao país sul-americano irritou os Estados Unidos

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Por Agencia Estado
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A Espanha começará a construir oito barcos de patrulha militar para a Venezuela, cumprindo um acordo firmado em novembro que irritou os EUA e que foi assinado nesta sexta-feira. As embarcações fazem parte de um pacote de equipamentos militares espanhóis comprados pelo governo venezuelano no valor de US$ 2 bilhões, que também inclui o envio de dez aviões de transporte. A fabricação dos barcos recebeu a aprovação definitiva na cerimônia de assinatura do contrato, da qual participaram o comandante da Marinha venezuelana, Armando laguna, e o presidente do estaleiro estatal espanhol Navantia, Juan Pedro Gómez Jaén. Com exceção de uma, todas a demais embarcações serão fabricadas em Puerto Real, no sul do país, e a entrega deverá ser concluída até o final de 2011, segundo autoridades. Quatro barcos serão utilizados na patrulha oceânica e o restante pela guarda costeira para proteger recursos pesqueiros da Venezuela e em atividades relacionadas à luta contra o narcotráfico e o contrabando. Segundo Laguna, um dos barcos será construído na Venezuela, no estaleiro Dianca, na cidade de Puerto Cabello. "Isso garantirá a transferência de conhecimento e tecnologia de última geração por parte da Navantia", afirmou o comandante venezuelano. Veto americano A concretização do negócio sofreu um atraso pois os Estados Unidos negaram ao consórcio europeu de aviação que fabricaria as aeronaves a permissão para vender à Venezuela 10 aviões de carga que contavam com tecnologia americana. O governo George W. Bush considera que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, é uma força "desestabilizadora" na região e teme que a venda possa afetar o equilíbrio militar na América do Sul. Uma delegação da empresa espanhola viajará à Venezuela para apresentar às autoridades locais um relatório sobre a situação dos barcos, disse nesta sexta-feira o embaixador venezuelano na Espanha, Arévalo Méndez. Segundo o diplomata, o negócio dos barcos não é uma boa notícia para os Estados Unidos, "que estão mais interessados em controlar que combater" o negócio do narcotráfico. Méndez afirmou que as empresas americanas vendem aos cartéis da droga na América Latina "o equipamento para a montagem dos laboratórios de elaboração da droga, os produtos químicos necessários ou os geradores de eletricidade". De acordo com ele, "ninguém explica como (esse material) sai dos Estados Unidos e é impossível de se detectar". Apreensão de cocaína Nesta quinta-feira, autoridades espanholas prenderam os nove tripulantes de uma embarcação venezuelana que transportava 2,75 toneladas de cocaína em águas internacionais. O navio, que partiu da cidade de Guiria, na Venezuela, em direção à Tenerife, na Espanha, foi barrado por uma embarcação da guarda costeira espanhola. Segundo as investigações, o barco recebeu o carregamento de drogas ainda em águas venezuelanas. O país sul-americano é uma das principais rotas de trânsito para a cocaína colombiana destinada aos Estados Unidos e Europa.

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