Espanha: partido socialista encerra processo de paz com ETA

Governo afirma que não aceitará dialogar com grupo após atos violentos

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Por Agencia Estado
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O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), no poder, anunciou nesta terça-feira, dia 2, que o Governo pretende buscar com todas as forças políticas "o caminho" pelo qual se deve "transitar" para acabar com o terrorismo após o atentado da ETA de sábado. José Blanco, secretário de organização do PSOE, cujo secretário-geral é o presidente do Governo da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, disse também que, com o atentado, o processo de paz foi rompido pela ETA. As declarações de Blanco foram feitas em entrevista coletiva posterior a uma reunião da Comissão Permanente do partido. O atentado de 30 de dezembro foi cometido com uma caminhonete cheia de explosivos no estacionamento do terminal 4 do aeroporto de Madri-Barajas, provocando vários danos materiais. Dois equatorianos estão desaparecidos. A ETA havia declarado um "cessar-fogo permanente" em 22 de março, a terceira trégua anunciada pelo grupo desde sua criação, em 1968. Firmeza Blanco ressaltou que "quem acredita que é hora de fazer reprovações ou de aproveitamento político de um ato criminoso está totalmente errado, porque é hora da firmeza democrática, da confiança e dos instrumentos do Estado de Direito". O conservador Partido Popular (PP), principal força da oposição, exigiu de Zapatero uma "declaração formal de ruptura da negociação com o terrorismo". Também exigiu que adote "medidas políticas, policiais e judiciais" contra o grupo terrorista e seu braço político, a organização ilegalizada Batasuna. O secretário-executivo de Liberdades Públicas, Segurança e Justiça do PP, Ignacio Astarloa, pediu ao presidente do Governo que "ponha fim já, sem demora, à política baseada na escuridão e na Confusão". Neste sentido, Astarloa reivindicou que acabe com a "política do avestruz de olhar para o outro lado, volte à realidade e à honestidade" e retifique sua política antiterrorista diante do "manifesto fracasso". Ação antiterrorista Após expressar a solidariedade do partido com as famílias dos desaparecidos no atentado e com os afetados, Blanco insistiu em que "a vontade de diálogo da ETA ficou enterrada sob os escombros de Barajas" e reiterou que o Governo manterá a mesma postura que manteve até hoje: "com violência não há diálogo". "No sábado, a ETA elegeu a violência, e ao fazê-lo cometeu um grave atentado e um grave erro", afirmou, antes de ressaltar que o processo de diálogo, "porque a ETA quis, está rompido". O dirigente socialista assegurou que o Governo tentará "encontrar iniciativas compartilhadas" que levem à unidade de ação frente ao Terrorismo. Blanco afirmou também que nas reuniões do ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, com os grupos parlamentares para "informar" e para "escutar" suas opiniões "nenhuma" iniciativa está descartada. Sobre as declarações de alguns dirigentes do PP no sentido de que a legislatura de Rodríguez Zapatero está "esgotada", Blanco considerou que esta legenda deu o mandato do presidente do Governo por encerrado "no dia seguinte das eleições" de março de 2004. Após negar que serão convocadas eleições antecipadas, Blanco disse que "o que se tem a fazer é trabalhar para dar resposta à ameaça e ao terror". "A verdade é que não sei por que o PP tem tantas ânsias eleitorais, a não ser que seja para tentar se desfazer de uma vez por todas de seu líder", ironizou.

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