(Atualizada às 14h15)
O governo da Espanha descartou um pedido de desculpas à Bolívia pela crise diplomática provocada pela retenção do avião do presidente Evo Morales na Áustria e a negativa de alguns países europeus em permitir a passagem da aeronave por seus espaços aéreos. O chanceler espanhol José Manuel García-Margallo negou que tenha proibido a escala do jato de Evo nas Ilhas Canárias e pediu que os "ânimos se acalmem".
"Espanha em nenhum momento disse que ia restringir o espaço aéreo e por isso não precisa pedir desculpas", disse o chanceler espanhol. "Temos que, de alguma maneira, tentar acalmar os ânimos."
García-Margallo declarou que o governo espanhol fora informado de que Snowden estaria no avião. "Eu trabalho com as informações que me dão. A reação dos países europeus foram tomadas com bases nessa informação", acrescentou o ministro, sem confirmar se a suspeita da presença do ex-técnico da CIA Edward Snowden, que vazou segredos do governo americano para a imprensa, veio de Washington.
Snowden está na área de trânsito do Aeroporto de Moscou há mais de uma semana. Sem passaporte americano, ele não pode entrar nem sair da Rússia a menos que obtenha asilo político.
Segundo a Ministra de Transparência da Bolívia, Nardi Suxo, que está em visita oficial à Espanha, o embaixador da Espanha na Áustria pediu a Evo para tomar um café no avião presidencial, como pretexto para procurar Snowden.
Na noite de quinta-feira, em uma reunião de emergência da União das Nações sul-americanas em Cochabamba, na Bolívia, os presidentes de Argentina, Uruguai, Equador, Venezuela, Suriname e Bolívia criticaram Espanha, França, Itália e Portugal e concluíram que a ação dos países europeus "violou os Tratados Internacionais que regem a convivência pacífica, a solidariedade e a cooperação entre os Estados".
"A inaceitável restrição à liberdade do presidente Evo Morales Ayma, convertendo-no virtualmente em um refém, constitui uma violação de direitos, não apenas do povo boliviano, mas de todos os países e povos da América Latina. E estabelece um perigoso precedente em matéria de direito internacional vigente", diz o comunicado da reunião.
O documento também criticou a "falta de transparência sobre os motivos das decisões políticas que impediram o tráfego aéreo da aeronave presidencial boliviana e seu presidente". A Unasul também se posicionou a favor da reclamação apresentada pela Bolívia junto à ONU. / EFE e REUTERS