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Espanha supera Itália se transforma em principal porta de entrada na Europa para imigrantes

País recebeu 22,1 mil pessoas até o final de julho, superando todo o volume que havia registrado em 2017 após frota naval italiana realizar ações com dimensões militares para barrar a chegada de centenas de barcos com clandestinos

Por Jamil Chade , Correspondete e Genebra
Atualização:

GENEBRA - A Espanha superou a Itália como principal rota de entradas de migrantes e refugiados na Europa, depois de uma ação com dimensões militares por parte da frota naval italiana para barrar a chegada de centenas de barcos com clandestinos africanos e do Oriente Médio.

Números divulgados pela Agência da ONU para Migrações (OIM) apontam para uma queda importante no desembarque de estrangeiros em 2018, em comparação ao auge da crise. Em 2016, 261 mil migrantes e refugiados tinham chegado às costas europeias até o final de julho. O numero caiu para 113 mil em 2017 e, agora, se limitou a 58,1 mil. 

Imigrantes resgatados no Estreito de Gibraltar aguardam para serem identificados após serem levados para a cidade de Algeciras, no sul da Espanha Foto: REUTERS/Jon Nazca

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Mas o fluxo mudou de rota, sempre em busca de alternativas. De acordo com a OIM, a Espanha recebeu 22,1 mil pessoas até o final de julho, superando todo o volume que havia registrado em 2017. "Neste ano, 40% da migração irregular pelo Mediterrâneo veio de rotas no lado ocidental do mar, com um fluxo que triplicou em comparação ao mesmo período do ano passado", afirmou a entidade. 

Nos cinco primeiros meses do ano, 8,1 mil pessoas foram resgatadas pelas frotas espanholas, uma média de 54 estrangeiros por dia. Desde o final de maio, porém, o fluxo aumentou de forma expressiva e um total de 14,8 mil pessoas foram resgatadas. A média passou a ser de 240 por dia. 

Para a Itália, o total de migrantes registrados em 2018 foi de 18 mil e na Grécia de 15 mil.

Em termos gerais e desde o início da crise em 2015, os gregos foram os que registraram os números mais expressivos. Mais de 1,1 milhão de pessoas usaram os portos gregos para chegar à Europa em pouco mais de três anos, contra 470 mil na Itália e 80 mil na Espanha. 

A mudança de rota, segundo o Estado apurou, segue um esforço de migrantes e grupos de contrabandistas para encontrar brechas na Europa, depois de uma série de medidas adotadas por Bruxelas. 

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Em 2016 e 2017, a UE chegou a um acordo com Ancara para fechar a rota entre o território turco e as ilhas gregas. No ano passado, o fluxo se voltou para o sul da Itália, mas o contingente militar implementado na região também se transformou em um obstáculo. Agora, a escolha tem sido a costa espanhola. 

Nesta sexta-feira, a Comissão Europeia deixou claro que vai destinar ajuda ao governo espanhol para lidar com o fluxo de migrantes. E também planeja enviar € 55 milhões para que as autoridades de Marrocos e Tunísia incrementem suas atividades de proteção de suas costas, detectando o fluxo de contrabandistas. 

Junto com o aumento do fluxo no lado espanhol também foi constatado um número maior de mortes no trajeto entre a África e o sul da Península Ibérica. No total, foram mais de 300 fatalidades até o dia 1º de agosto, um aumento de quase 50% em comparação ao número registrado em todo o ano de 2017. 

"Mais recentemente, a OIM registrou o afogamento de um jovem na costa do Marrocos, no dia 30 de julho", explicou a entidade, em um comunicado de imprensa. "Ele estava viajando com outros dois amigos em um pequeno barco de borracha, que virou nas proximidades de Achakkar", explicou. Seus dois colegas sobreviveram.

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