ESPECIAL: Para entender o escândalo Watergate

Invasão de escritório democrata e investigação de jornalistas levaram à renúncia de Nixon em 1974

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Por Redação
Atualização:

WASHINTGON - O caso Watergate completa 40 anos neste domingo, 17. A data é o pontapé inicial da investigação de dois jovens jornalistas do Washington Post, Carl Bermstein e Bob Woodward, a partir da invasão de um escritório do comitê nacional do partido Democrata, que era oposição na época. Entenda o desenrolar dos acontecimentos, que culminaram dois anos e dois meses mais tarde, na renúncia do presidente republicano Richard Nixon.

 

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A invasão

 

17 de junho de 1972 - Cinco homens são presos às 2h30 da madrugada quando tentavam grampear os telefones do Comitê Nacional Democrata no complexo de escritórios Watergate, em Washington. A polícia diz que os homens tinham pelo menos dois aparelhos sofisticados de escuta telefônica. Encontrou ainda chaves falsas e pés-de-cabra, além de 2,3 mil dólares em dinheiro, a maior parte em notas de 100 dólares sequenciadas.

 

A investigação

 

A história da invasão intriga dois jovens repórteres da redação do jornal The Washington Post, Carl Bermstein e Bob Woodward. Sua primeira reportagem assinada sobre Watergate é publicada no dia 19 de junho de 1972, e eles continuam fazendo a cobertura do fato nos anos seguintes. Os repórteres persistem. Woodward confia em Mark Felt, funcionário de alto escalão do FBI, como fonte sigilosa.

 

Com acesso aos relatórios do FBI sobre a investigação acerca da invasão, Felt podia confirmar ou negar o que outras fontes iam contando aos repórteres do Post. Ele também indicava as pistas que eles deviam seguir. Woodward concorda em não revelar a identidade de Felt, referindo-se a ele nas conversações com os colegas como "Garganta Profunda". Sua identidade só seria revelada ao público em 2005, 33 anos mais tarde.

 

Ação do governo

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Outono de 1972 - Richard Nixon consegue facilmente reeleger-se. Em janeiro de 1973, seus ex-assessores Gordon Liddy e James McCord são condenados por formação de quadrilha, arrombamento e instalação de escutas telefônicas sem ordem judicial no incidente de Watergate. Em abril, H.R. Halderman e John Ehrlichman, membros da cúpula de Nixon e o procurador geral Richard Kleindienst se demitem. O assessor jurídico da Casa Branca, John Dean, é demitido. Em maio, o Comitê do Senado para Watergate dá início às audiências transmitidas pela televisão.

 

Outros momentos cruciais do escândalo:

 

- Alexander Butterfield, ex-secretário presidencial, revela em seu depoimento que Nixon gravava todas as conversações e chamados telefônicos em seu gabinete desde 1971. Dias mais tarde, Nixon ordena que o sistema de gravações da Casa Branca seja desativado.

 

- Nixon recusa-se a entregar as gravações. Posteriormente, é descoberto um trecho de 18 minutos e meio de silêncio absoluto em uma das fitas solicitadas pelo tribunal.

 

- Durante uma sessão de perguntas e respostas na TV, Nixon declara: "Não sou um criminoso", declarando-se inocente.

 

- Abril de 1974 - A Casa Branca entrega ao Comitê Judiciário da Câmara mais de 1,2 mil páginas de transcrições editadas das fitas de Nixon, mas o comitê insiste em que as fitas sejam entregues.

 

- 24 de julho de 1974 - A Suprema Corte determina por unanimidade que Nixon entregue as gravações das 64 conversações da Casa Branca.

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- 27 de julho de 1974 - O Comitê Judiciário aprova o primeiro de três artigos de impeachment, acusando Nixon de obstrução da Justiça.

 

Renúncia

 

8 de agosto de 1974 - Nixon anuncia em um pronunciamento pela televisão que renunciará à presidência no dia seguinte. "Ao fazer isto", afirma, "espero ter apressado o início do processo de cura de que os Estados Unidos necessitam tão desesperadamente".

 

Tradução de Anna Capovilla

 

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