Especialistas põem em dúvida teste nuclear na Coréia do Norte

Países dizem que explosão pode ter sido de menos de 1 quiloton, insuficiente para radiação nuclear

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Por Agencia Estado
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Mesmo com a Coréia do Norte sob condenação internacional depois de anunciar o teste de um dispositivo nuclear, especialistas franceses e americanos ainda suspeitam se de fato ocorreu uma reação nuclear. Para os países, a potência da explosão foi inferior a 1 quiloton (equivalente a mil toneladas de TNT), valor baixo para um armamento nuclear. De outro lado, o ministro da defesa da Rússia afirma "sem dúvida" que a força da explosão em baixo da terra foi equivalente de 5 a 15 mil quilotons. A agência de notícias oficial da Coréia do Norte também reforça que o teste foi um sucesso e que não houve vazamento de radiação. Um oficial da inteligência americana falou ao jornal The New York Times: "Apuramos que a explosão na Coréia do Norte teve potência sub-quiloton". E adicionou: "Não sabemos, de fato, se houve uma explosão nuclear". A Comissão Francesa de Energia Atômica concorda que a experiência norte-coreana emitiu 1 quiloton ou menos. Para um dispositivo nuclear, isso pode ser tão fraco que o ministro de Defesa da França, Alliot-Marie, sugeriu que o teste reportado pela Coréia do Norte "pode ter falhado". Clement disse que pode levar dias até que os cientistas declarem com segurança se a explosão foi, de fato, nuclear. Estudiosos indicam uma resposta a longo prazo para a questão. O físico nuclear russo Vladimir Orlov, do PIR Center, instituto de pesquisa para a não-proliferação de armas nucleares, diz: "Leva dezenas de horas de laboratório para avaliar os resultados. No momento, temos apenas uma estimativa grosseira", disse Orlov. A CTBTO - organização de países que defendem a não-proliferação de testes nucleares - têm mais de 200 estações em todo o mundo para captar testes. "As pessoas tem formas diferentes de colher os dados e de interpretá-los", disse Lassina Zerbo, diretor do Centro de Dados Internacional do CTBTO, baseado em Viena, Áustria. O pesquisador acredita que em 72 horas terá os dados completos sobre a explosão. Dificuldade de identificação Como os terremotos, as grandes explosões emitem vibrações que podem ser detectadas por sismógrafos. Bombas nucleares provocam grandes ondas, com sinais claros, relativamente fáceis de serem identificados e analisados. Explosões menores, no entanto - como aparenta ser a da Coréia do Norte - são mais complicadas de distinguir. Segundo Xavier Clement, da Comissão Francesa de Energia Atômica, o "som" natural da Terra, com constante atividade sísmica das placas tectônicas movendo-se, complica a tarefa de determinar quando uma explosão menor foi causada por explosivos convencionais ou dispositivos nucleares. "É como distinguir violinos ou flautas em uma orquestra sinfônica quando você está tocando pratos", diz Clement. Estados Unidos, Rússia, China, Japão e Coréia do Sul estão entre os países com equipamentos próximos o suficiente para captar sinais emitidos da Coréia do Norte.

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