Especialistas prevêem ataque ao Iraque em fevereiro

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Por Agencia Estado
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O presidente norte-americano, George W. Bush, disse hoje a soldados na maior base do Exército dos Estados Unidos, em Fort Hood, no Texas, que está pronto para atacar o Iraque. "Vocês lutarão não para conquistar, mas para liberar um povo", afirmou Bush. A declaração, que veio dez dias depois da ordem final de mobilização de forças para o Golfo Pérsico, foi interpretada por especialistas como o início da contagem regressiva para uma nova guerra contra o Iraque. Além do próprio Bush, ninguém em sua administração acredita que o regime de Saddam Hussein satisfará as exigências do Conselho de Segurança da ONU. O último prazo para que o regime iraquiano desminta essa expectativa é 27 de janeiro, quando o diretor da equipe de inspetores de armas, Hans Blix, apresentará seu relatório final às Nações Unidas. Embora devam se passar alguns dias até que o Conselho de Segurança autorize uma intervenção militar, Bush poderá anunciar sua disposição final de atacar no dia 28, no discurso anual, perante uma sessão conjunta do Congresso americano. Sua fala ocorrerá exatamente um ano depois de ele ter apresentado ao Congresso e aos americanos o argumento para justificar uma ação punitiva contra Saddam Hussein, identificando o Iraque, a Coréia do Norte e o Irã como partes de um "eixo do mal" que conspira contra os interesses e a segurança dos Estados Unidos e de seus aliados e contra o qual Washington se dá o direito de agir preventivamente. Seja qual for o momento escolhido, analistas militares acreditam que agora somente uma insurreição dos militares iraquianos contra Saddam impedirá Bush de dar a ordem de ataque em fevereiro. Provocar uma insurreição interna é o objetivo imediato de Washington. "Essa é provavelmente uma das situações em que você pode alcançar todos os seus objetivos com poder aéreo", disse na quinta-feira o coronel reformado John Warden, que foi sub-diretor de estratégia da força aérea americana durante a guerra do Golfo. Geoffrey Kemp, ex-assessor sênior do Conselho de Segurança da casa Branca para a Ásia na administração Reagan, confia menos no efeito de um ataque aéreo maciço. Durante entrevista ao programa NewsHour, da rede pública de televisão, Kemp afirmou que "neste momento, a guerra não é inevitável, mas a mudança de regime é". Mas para ele, esta só acontecerá com a presença física de soldados americanos prontos para intervir em território iraquiano. No entanto, Warden e Kemp concordam que caso um bombardeio inicial não produza a queda de Saddam e exija a intervenção de forças terrestres, os preparativos militares feitos pelo Pentágono nos últimos meses dão a Bush a flexibilidade para usar tal opção. "Depois do dia 27 de janeiro, podemos ir à guerra em três ou quatro dias." Até o fim do mês, a mobilização em curso dobrará para duzentos o número de aviões de ataque americanos na região e para 120 mil o de soldados. A força-tarefa do porta-aviões Abraham Lincoln, que estava para regressar para sua base no estado de Washington, na Costa Oeste, recebeu ordem para permanecer na região do Golfo. Os soldados da terceira divisão de infantaria, de Fort Stewart, Geórgia, especializada em combate no deserto, partem para o Golfo nos próximos dias. O navio hospital Comfort já está a caminho da base britânica de Diego Garcia, no oceano Índico. O equipamento pesado, como tanques, máquinas e caminhões de transportes, bem como os centros de comando, foram transferidos para a região ou já estavam lá desde o fim da Guerra do Golfo, armazenados na Arábia Saudita, no Kuwait e nos emirados aliados dos EUA para futuras eventualidades.

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