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Esquerda radical será peça-chave em novo cenário político chileno

Frente Ampla, de Beatriz Sánchez, obteve 1,3 milhão de votos na eleição presidencial e, na Câmara, aumentou sua bancada de 3 para 20 deputados, conquistando grande poder de negociação para o segundo turno

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Por Redação
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SANTIAGO - Com de 1,3 milhão de votos para Beatriz Sánchez, candidata da Frente Ampla, este partido se tornou um peça-chave no novo cenário político resultante das eleições de domingo.

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A Frente Ampla não apenas ficou na terceira posição a dois pontos do candidato da situação Alejandro Guillier, que disputará a presidência no dia 17 de dezembro com o ex-presidente Sebastián Piñera no segundo turno, como passou de 3 para 20 deputados. 

A Frente Ampla, de Beatriz Sánchez, se transformou na terceira força política do Chile Foto: EFE/Mario Ruiz

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Esse jovem partido nascido em março e integrado por movimentos de esquerda e alguns dos líderes dos protestos estudantis pretende atrair os críticos da política tradicional - em sua maioria jovens - e os desiludidos da esquerda representada pelo governo da socialista Michelle Bachelet.

Após essas eleições, o poder de negociação é muito forte para esta formação para o segundo turno, diz o analista René Jara, da Universidade de Santiago.

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"A Frente Ampla será obrigada a negociar" se quiser que não se repita o aconteceu em 2009, quando a direita de Sebastián Piñera venceu a eleição frente o democrata cristão Eduardo Frei, que não teve apoio de Marco Enriquez-Ominami (esquerda), opina o analista.

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"Se não negociarem, serão os responsáveis pela chegada de Piñera" ao poder diz Frei. No domingo, o ex-presidente conquistou 2,4 milhões de votos, um resultado muito inferior ao que apontaram as pesquisas. 

O magnata não parece agora ter outra escolha a não ser se unir a José Antonio Kast, que reivindica o legado da ditadura militar de Augusto Pinochet (1973-1990) para tentar capitalizar o meio milhão de votos que Kast obteve no domingo.

Guillier, o candidato do Nova Maioria, que disputará o segundo turno com Piñera, não hesitou em acenar a Beatriz e à candidata da Democracia Cristã, Carolina Goic, cujos apoios serão vitais para uma vitória da esquerda em 17 de dezembro.

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"Precisamos reconstruir uma unidade profunda de todos os chilenos e chilenas que querem mudança", disse Guillier em seu primeiro discurso, antes de acrescentar que é preciso "ir ao segundo turno com propostas claras que agrupem todos, de modo que todos se sintam parte do que será o governo".

O prefeito de Valparaíso, Jorge Sharp, uma das maiores referências da Frente Ampla, deixou claro que o apoio a Guillier será caro. "Para votar em Alejandro Guillier muitas coisas precisam acontecer", declarou Sharp nesta segunda feira à Tele13 radio.

Na eleição de domingo compareceram às urnas 46,7% dos 14,3 milhões de chilenos com direito a voto.

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A centro-esquerda chilena apareceu dividida nessas eleições que inauguraram o sistema eleitoral proporcional para o Congresso. No total, 6 dos 8 candidatos se situam no espectro da centro-esquerda. Somados, tiveram 3,65 milhões de votos, frente aos 2,93 milhões da direita.

Em uma recente entrevista, Breatiz - que deixou o jornalismo em março para se lançar na política garantiu que sua vocação é fazer "ponte com os movimentos sociais" e "tornar um país onde tudo está mercantilizado em um país onde haja direitos sociais para reduzir o temor permanente de não ter dinheiro para enfrentar o que nos acontece", no âmbito trabalhista, educacional ou sanitário. / AFP

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