Esquerdistas gregos estariam ligados a extinto grupo terrorista

Ideologia semelhante indica possível conexão de grupo acusado de atacar embaixada americana na Grécia e o terroristas do 17 de Novembro

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Por Agencia Estado
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O grupo esquerdista "Luta Revolucionária" tem sido apontado como responsável pelo ataque ocorrido nesta sexta-feira contra a embaixada dos EUA em Atenas. Suspeitas indicam que a organização, em atividade desde 2003, que segue a mesma ideologia da extinta 17 de Novembro, teria apoio de terroristas refugiados no país. A organização 17 de Novembro, mencionada também como 17N ou N17, consta como organização terrorista estrangeira na lista do Departamento de Estado dos EUA e na lista da União Européia. O nome faz referência a uma demonstração massiva da rejeição popular à Junta Militar grega de 1967-1974, conhecida também como Regime dos Coronéis e comandada pelo ditador George Papadopoulos. A junta, de direita, era apoiada pelos EUA, que viam a Grécia como peça importante na Guerra Fria. Estes esforços anti-comunistas de Washington levaram o grupo terrorista recém-fundado a atacar alvos americanos. O levante, iniciado no dia 14 de novembro, terminou com o derramamento de sangue na manhã do dia 17, quando um tanque arrebentou os portões da Universidade Nacional de Tecnologia de Atenas. 17 de novembro é atualmente um feriado escolar na Grécia. Principais ataques Em dezembro de 1975, Richard Welch, chefe da unidade da CIA em Atenas, foi baleado perante sua mulher e seu motorista, na porta de casa. O grupo multiplicou seus ataques contra personalidades gregas de centro-direita e funcionários da OTAN após a formação do governo PASOK (Panhellenic Socialist Movement) em 1981. Após o assassinato do jornalista conservador Nikos Momferatos, em 1983, um bilhete encontrado perto do corpo dizia que a Grécia continuava sendo uma marionete nas mãos dos imperialistas americanos. Um dos ataques mais significativos da 17N foi atirar em Pavlos Bakoyannis, membro da Nova Democracia (principal partido de centro direita da Grécia) em setembro de 89. No dia 15 de fevereiro de 1996, um foguete anti-tanque acertou a parede externa da embaixada americana, atingindo três carros de diplomatas. Oficiais americanos acreditam que o ataque tenha sido cometido pelo 17 de Novembro, já que nenhum grupo assumiu a responsabilidade do atentado. A organização foi desmantelada em 2002. Até então, nenhum membro da organização havia sido identificado. Capturado em um ataque com bombas que falhou, o suspeito Sawas Xiros deu indícios de onde estariam os outros participantes, capturados dias depois. Estes foram os últimos registros de atividades do grupo. No total, a 17N soma 19 ataques contra alvos americanos e mais 12 contra alvos de interesses americanos, além de outros nove alvos turcos. No entanto, a maioria dos 103 ataques cometidos nos 27 anos de existência da organização foram contra alvos gregos de direita. "Luta Revolucionária" Com base em Atenas, o grupo - de linha ideológica semelhante a do 17 de Novembro - começou suas atividades em 2003 com um bombardeio contra um tribunal de Atenas. Desde então, o grupo entitulado "Luta Revolucionária" lançou diversos ataques a políticos e prédios públicos. No dia 22 de dezembro de 2005, a organização publicou um manifesto em uma revista satírica da Grécia, chamada To Pontiki, expressando suas metas revolucionárias, anti-globalização e anti-americanas. Não foi designada como organização terrorista por nenhum governo, mas é a principal suspeita de ter realizado o atentado contra a embaixada americana nesta quinta, 12 de janeiro.

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