03 de janeiro de 2013 | 02h03
De acordo com o presidente boliviano, a situação de Chávez "dói muito" e significa "uma grande ausência" nos eventos internacionais, na Aliança Bolivariana das Américas (Alba).
"Tomara que nossas orações possam ser efetivas para salvar a vida do irmão presidente Chávez", afirmou Evo. Ele disse ainda que tentou, sem sucesso, comunicar-se com o vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que estava em Havana para acompanhar o pós-operatório de Chávez.
Chávez, de 58 anos, passou por quatro cirurgias em Cuba em razão de um câncer na região pélvica. A última operação, dia 11 de dezembro, durou seis horas e foi a mais complexa. O presidente sofreu complicações pós-operatórias e um sangramento inesperado. Depois, autoridades venezuelanas disseram que os médicos cubanos tiveram de tratar uma infecção respiratória. O presidente não é visto em público há três semanas.
A preocupação com o estado de saúde de Chávez fez Maduro seguir às pressas para Cuba, no sábado, e levou o governo venezuelano a cancelar os tradicionais shows de fim de ano na Praça Bolívar, centro de Caracas, o que aumentou os rumores sobre a morte do líder bolivariano. Informações não oficiais indicavam que o presidente havia piorado em razão de uma febre incessante. Segundo outros rumores, ele enfrentava dificuldade pós-operatórias e estaria em coma induzido.
Ontem, após passar três dias em Havana, Maduro condenou as especulações sobre o agravamento do estado de saúde de Chávez e acusou a oposição de estar por trás dos boatos. Em entrevista concedida à TV Telesul, ele disse que Chávez apresenta "a mesma força de sempre" e revelou que ele quis saber detalhes sobre a situação econômica e política da Venezuela.
"Aquele que não conhece o respeito não tem limites. Essa direita local pensa que o povo é descontrolado e quer converter o amor em raiva a seu favor", disse Maduro. "O presidente tem uma força gigantesca e está enfrentando essa batalha com muita força, assim como o nosso povo." O ministro da Tecnologia, Jorge Arreaza, disse ontem pelo Twitter que o estado de saúde de Chávez é "estável", mas "delicada, e revelou que o irmão do presidente, Adan Chávez, chegou a Havana.
O principal grupo de oposição exigiu ontem que Caracas informe a "verdade" sobre o agravamento do estado de saúde de Chávez. "É essencial que o governo atue de forma a transmitir confiança. É essencial que diga a verdade sobre o estado de saúde do presidente", exigiu o secretário-geral da Mesa de Unidade Democrática (MUD), Ramón Guillermo Aveledo.
Na terça-feira, Maduro disse que Chávez está "consciente da complexidade" de seu estado de saúde. A afirmação foi uma resposta às informações de que o presidente estaria sobrevivendo graças à ajuda de aparelhos, pois seu estado de saúde teria piorado muito nos últimos dias.
O presidente está no poder desde 1999 e obteve mais um mandato de seis anos nas eleições de outubro. A posse está marcada para o dia 10. Caso Chávez não possa assumir o poder, de acordo com a Constituição, deve haver nova eleição presidencial em 30 dias. Interinamente, o cargo deve ser exercido pelo presidente da Assembleia Nacional (Parlamento), Diosdado Cabello.
No entanto, é muito forte a pressão de setores que apoiam Chávez para adiar a data da posse e marcá-la para o momento em que o presidente esteja plenamente recuperado. Cabello, já garantiu que não serão convocadas novas eleições no dia 10. Ele rejeitou ainda assumir o poder provisoriamente, como manda a Constituição. No sábado, os parlamentares elegerão um novo presidente da Assembleia Nacional. / REUTERS, AFP e AP
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