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Estado Islâmico perdeu 60% de seu território e 80% de seus recursos, aponta estudo

Em colapso, grupo sofre derrotas em duas frentes: Raqqa e Mossul, onde tropas apoiadas pelos EUA avançam para derrotá-lo

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Por Redação
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BEIRUTE -  Milícias apoiadas pelos EUA no Iraque na Síria conquistaram nesta quinta-feira, 29, duas importantes vitórias contra o Estado Islâmico nas cidades de Raqqa e Mossul, no mesmo dia em que um estudo revelou que o grupo perdeu 60% de seu território e 80% de sua receita em dois anos.

Soldados iraquianos retomaram a Mesquita Al-Nuri , de onde o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi proclamou o califado em julho de 2014. Se a capital religiosa do EI foi reconquistada no Iraque, sua capital administrativa, Raqqa, na Síria, está cercada por milícias curdas apoiadas pelos EUA. 

Em Mossul, o grupo extremista Estado Islâmico controla apenas uma pequena parte da Cidade Antiga Foto: AFP PHOTO / AHMAD AL-RUBAYE

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Um levantamento da consultoria IHS Markit atribui o colapso iminente do Estado Islâmico na região do Levante - que inclui área do Iraque e da Síria - a perdas financeiras e territoriais. Entre o segundo trimestre de 2015 e o segundo trimestre deste ano, a receita obtida pelo EI com tributos cobrados em locais sobre seu domínio e com contrabando de petróleo e antiguidades caíram 80%: de US$ 81 milhões para US$ 16 milhões. Só a renda mensal de venda de petróleo do EI sofreu um tombo de 88%. Os ganhos com impostos e contrabando de antiguidades recuaram 79%. 

“Perdas territoriais são o principal fator por trás do colapso financeiro do EI”, diz Ludovico Carlino, analista da IHS Markit. “Perder o controle de Mossul, uma cidade populosa, e de áreas petrolíferas em Raqqa e Homs teve impacto crucial nisso.”

O sucesso do EI está ligado a sua capacidade de arrecadar dinheiro. Segundo um estudo feito pela Reuters, em 2014 o grupo controlava ativos de US$ 2 trilhões e tinha uma renda anual de US$ 2,9 bilhões. Parte desse dinheiro vinha de impostos sobre a população sob seu domínio, que incidiam sobre transportes, mercadorias e salários. Alguns exemplos eram a cobrança de US$ 800 por caminhão que entrasse no Iraque vindo da Jordânia e da Síria, uma taxa de 5% coletada para seguridade social e salário e US$ 200 cobrados de motoristas no norte iraquiano. 

Para permitir o saque a sítios arqueológicos, os terroristas levavam 50% em Raqqa e 20% em Alepo. Só o contrabando de artefatos históricos de áreas controladas pelo grupo na Síria rendeu US$ 100 milhões nos últimos dois anos. O grupo ainda lucra sobre a coleta de lixo, calefação e geradores elétricos. O jornal New York Times estimou que o grupo obteve US$ 600 milhões em extorsões em 2014.

Vitória. O premiê iraquiano, Haider al-Abadi, declarou o fim do califado do EI no Iraque e na Síria e instruiu suas forças a concluir a retomada de Mossul nos próximos dias. Os insurgentes explodiram a mesquita medieval e seu característico minarete inclinado uma semana atrás, enquanto forças iraquianas apoiadas pelos EUA iniciavam o avanço em sua direção. O grupo militante ainda controla territórios ao sul e ao oeste da cidade.

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Em Raqqa, principal reduto do grupo na Síria, militantes do EI estão cercados após o último acesso à cidade ser fechado pela aliança curdo-árabe que conduz uma ofensiva na cidade. As Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas por uma coalizão liderada pelos EUA, assumiram o controle de uma região ao sul do Rio Eufrates e bloquearam a última estrada que o EI poderia utilizar para se retirar de Raqqa.

O cerco se deve graças a captura pelas FDS dos vilarejos de Kasrat Afnan e Kassab, na margem meridional do Rio Eufrates, segundo o OSDH. Cerca de 2,5 mil extremistas combatem na cidade.

Analistas advertem para o risco de o EI ampliar seus atentados terroristas, principalmente na Europa, uma vez que tem perdido terreno no Oriente Médio. “O risco de ataque por parte de grupos radicais provavelmente devem aumentar antes de diminuir”, disse Firas Modad, também analista da IHS Markit.

Células leais ao Estado Islâmico cometeram atentados nos últimos anos na França, Reino Unido, Bélgica e Alemanha. / W.POST, AFP e REUTERS

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