´Estamos vivendo pesadelo´, diz família de atirador da Virgínia

Em comunicado, a família diz que está ´desesperançosa, desamparada e perdida´

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A família do atirador de Virginia Tech, Seung-Hui Cho, disse à Associated Press afirmou que está "desesperançosa, desamparada e perdida" e que "nunca poderia ter previsto que ele seria capaz de tamanha violência". "Ele fez o mundo chorar. Estamos vivendo um pesadelo", diz um comunicado divulgado na sexta-feira pela irmã de Cho, Sun-Kyung Cho, em nome da família. Foi o primeiro comentário público da família Cho desde que o estudante de 23 anos matou 32 pessoas e cometeu suicídio na segunda-feira, 16, no maior massacre da história recente dos Estados Unidos. Wade Smith, advogado em Raleigh, Carolina do Norte, forneceu o comunicado à AP depois de a família Cho o contatar. Smith disse que a família não iria responder perguntas, e nem ele. "Nossa família sente muito pelas ações indescritíveis. É uma tragédia terrível para todos nós", disse Sun-Kyung Cho, formada em 2004 pela Universidade de Princeton e que trabalha como empreiteira para uma agência do Departamento de Estados norte-americano que supervisiona a assistência dos Estados Unidos ao Iraque. "Rezamos por suas famílias e pessoas queridas que estão vivenciando uma dor tão excruciante. E nós rezamos por aqueles que foram feridos e por aqueles que tiveram suas vidas mudadas para sempre por causa do que testemunharam e viveram", disse. "Cada uma dessas pessoas tinha tanto amor, talento e qualidades para oferecer, e suas vidas foram tiradas por um ato horrível e sem sentido." Proteção As autoridades vêm mantendo contato freqüente com a família Cho, mas não os colocou sob proteção, disse o diretor-assistente do FBI Joe Persichini. Eles acreditam que a família continua em Washignton, mas estão vivendo com amigos e parentes. Segundo Persichini, o FBI e a polícia do Condado de Fairfax asseguraram aos parentes dos Cho que investigarão quaisquer crimes de ódio direcionados à família quando e se eles retornarem a sua casa. O comunicado foi divulgado durante uma manhã de lamentação pelas vítimas. O silêncio tomou conta do campus de Virginia Tech e os sinos tocaram nas igrejas de todo o país em memória das vítimas. "Estamos abatidos por essa escuridão. Nos sentimos desesperançosos, desamparados e perdidos. Essa era uma pessoa com que eu cresci e a quem amava. Agora sinto como se não o conhecesse", disse a irmã de Cho. "Sempre fomos uma família fechada, pacífica e amorosa. Meu irmão era quieto e reservado, mas ainda sim se esforçou para se adaptar. Nós nunca poderíamos prever que ele fosse capaz tamanha violência." Ela afirmou que sua família vai cooperar com os investigadores e "fazer o que for possível para ajudar as autoridades a entender por que esses atos sem sentido aconteceram. Nós também temos muitas perguntas sem resposta". Famílias das vítimas "Eu não sou tão generosa a ponto de conseguir perdoá-lo. Mas eu sinto muito pela família", afirmou Wendy Adams, de quem a sobrinha, Leslie Sherman, foi morta durante o massacre. "Eu acredito que eles estejam vivendo um pesadelo", completou. Robert Jeffers, amigo do estudante Brian R. Bluhm, de 25 anos, também vítima do ataque, disse: "Eu espero que as pessoas consigam ver que a lição a ser tirada de tudo isso é o amor, e não o ódio." O porta-voz da universidade Larry Hincker disse que, "baseado nesse doloroso comunicado, é claro que a família está sofrendo com todos os outros". Motivo Os investigadores ainda estão tentando estabelecer exatamente o que levou Cho a cometer os crimes, por que ele escolheu um dormitório e um prédio de aulas para o ataque, e como selecionou as vítimas. "O porquê e como são a chave para a investigação", disse a porta-voz da Polícia Estadual da Virgínia, Corinne Geller. "O porquê pode não ser determinado nunca, pois a pessoa responsável está morta." Durante o memorial no campus, centenas de estudantes e moradores da região, a maioria vestindo as cores da escola marrom e laranja, se curvaram ao memorial em frente a Norris Hall, onde a maioria das vítimas morreu. Junto com os buquês e velas havia uma placa em que se lia "Jamais esquecidos". As pessoas se reuniram em frente aos memoriais de pedra, cada um deles com uma cesta de tulipas e uma bandeira americana. Ao todo, são 33 pedras - uma para cada vítima e uma para Cho. O presidente George W. Bush usou uma gravata laranja e marrom em uma demonstração de apoio. A Casa Branca divulgou que ele pediu às autoridades dos Departamentos de Justiça, Educação, Serviços Humanos e Saúde que viajem pelo país, conversem com educadores, especialistas em saúde mental e outros, e construam um relatório sobre como evitar tragédias similares. As sete pessoas feridas no ataque continuam hospitalizadas, pelo menos uma em estado grave.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.