ESTRADAS E VOOS QUE LEVAM A TÁCHIRA ESTÃO INTERROMPIDOS

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Por Roberto Lameirinhas e CARACAS
Atualização:

Além da fronteira com a Colômbia estar fechada, os caminhos que levam à região venezuelana de Táchira estão bloqueados. San Antonio de Táchira, a cidade vizinha de Cúcuta – já do lado colombiano – fica a 850 quilômetros de Caracas. Três companhias aéreas operam voos diretos tanto para lá quanto para Santo Domingo de Táchira, local de interesse turístico a duas horas de carro da fronteira. Mas já não há nenhum assento disponível nesses aviões. A viagem por terra costuma demorar entre 10 e 12 horas, mas “chequeos” montados nas estradas que levam ao sul da Venezuela têm causado congestionamentos que atrasam a travessia em aproximadamente cinco horas.

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A população venezuelana é marcada por uma forte imigração colombiana, que costuma utilizar a Ponte Internacional Simón Bolívar para atravessar de San Antonio a Cúcuta com alguma frequência, para visitar parentes e fazer negócios. No domingo, vários desses imigrantes colombianos estavam desistindo da viagem no terminal rodoviário do Parque del Este, na capital venezuelana, segundo mostraram emissoras de TV do país.

Como praticamente qualquer área de fronteira da América Latina, San Antonio de Táchira abriga o submundo do contrabando. Produtos vendidos a preços subsidiados na Venezuela acabam atravessando a fronteira e sendo negociados pelo dobro – em alguns casos, o triplo – do preço no lado colombiano.

Jornalistas de Caracas afirmam que até mesmo itens vendidos no mercado negro na capital, como medicamentos e produtos de limpeza, são desviados para Cúcuta, onde mesmo assim chegam a preços mais baixos do que os do mercado colombiano.

Além da venda ilegal de produtos comuns, a fronteira em Táchira é considerada também um entreposto para o escoamento da cocaína produzida na Colômbia. 

Entre 2006 e 2012, a reportagem do Estado fez várias incursões à região e constatou a forte presença de grupos armados colombianos na região de Táchira. Comerciantes locais eram forçados a pagar “imposto de guerra” tanto para bandos de paramilitares de direita quanto para supostos rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que disputavam o controle da região.

Nos anos seguintes, o enfraquecimento das organizações armadas colombianas e a forte militarização da fronteira por parte do governo venezuelano acabaram por reduzir significativamente a extorsão de dinheiro e as atividades do narcotráfico. Mas a área ainda é considerada um dos principais “ninhos” de “sicários” – como são conhecidos os pistoleiros de aluguel na Colômbia e na Venezuela – do continente americano.

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