PUBLICIDADE

Estratégia dos EUA é separar Saddam de suas forças e do povo

Por Agencia Estado
Atualização:

O objetivo dos intensos bombardeios norte-americano na capital do Iraque é, segundo fontes do Pentágono, separar o regime de Saddam Hussein das forças e da população iraquianas e limitar ao máximo os efeitos e a duração do ataque. Por essa razão, a remoção do presidente iraquiano foi colocada no topo da lista da estratégia dos Estados Unidos na guerra, apresentada na quinta-feira pelo secretário de Defesa, Donald Rumsfeld. A localização e apreensão das armas de destruição em massa foram o quinto ponto da lista. Guerra longa Hoje pela manhã, mais de 60 horas depois do início da segunda Guerra do Golfo Pérsico, essa estratégia, segundo os EUA, parecia estar produzindo os resultados desejados. Mas, a julgar pelas transmissões da televisão iraquiana, o governo de Saddam Hussein ou de forças leais ao ditador iraquiano continuavam no controle em Bagdá e não havia sinais do colapso do regime que poderá levar o conflito a uma rápida conclusão. Os próprios chefes militares norte-americanos desestimularam a noção de que a guerra esteja para terminar em questão de dias. O ataque maciço contra Bagdá, iniciado no terceiro dia do conflito, demoliu dezenove prédios e instalações que simbolizam o poder de Saddam Hussein. De acordo com informação divulgada hoje pela rádio oficial iraquiana, apenas três pessoas morreram nesses ataques. Mortos As bombas e mísseis de precisão foram lançadas a partir de navios no Golfo Pérsico e no mar da Arábia por bombardeios B-2, que não são visíveis aos radares que restam da defesa iraquiana, e B-52, que voam a altitudes acima do alcance do fogo anti-aéreo e dispara armas a grande distância dos alvos. Mas há indicações de algumas dezenas, talvez centenas, de civis mortos em outras partes do Iraque. Perguntado hoje, na primeira entrevista desde o início do conflito, sobre ?duzentos civis mortos?, o chefe do comando central das forças norte-americanas, general Tommy Franks, descreveu o cuidado com que é feito o trabalho de escolha de alvos, mas não negou a premissa da pergunta. Ataque de dia O bombardeio continuou de Bagdá hoje, pela primeira vez durante o dia, e mais uma dúzia de alvos foram atingidos. Segundo o repórter do National Geographic Explorer e da MSNBC, Peter Arnett, que está em Bagdá, as bombas do ataque diurno visaram às instalações da defesa iraquiana nos arredores da milenar capital do país ? uma cidade de 5 milhões de habitantes. Mas a ausência nos combates de caças nos céus de Bagdá indicava que a defesa iraquiana, embora degradada, seguia em operação. E apesar do rápido avanço das forças terrestres norte-americanas e britânicas para o norte, na direção de Badgá, e da rendição de uma divisão mecanizada iraquiana perto de Basra, oficiais norte-americanos e britânicos e os jornalistas que acompanham as tropas reportavam cenas de resistência em várias partes da frente de batalha. Outros desdobramentos do conflito deixavam claro que nem tudo estava de acordo com o plano de guerra dos EUA. Um míssil extraviado que caiu em território iraniano demonstrou que as armas de precisão do arsenal norte-americano não são infalíveis e que um incidente semelhante, que resulte na morte de grande número de civis, não pode ser descartado. A questão turca A entrada de 1.500 soldados da Turquia no norte do território iraquiano, para reforçar uma presença simbólica das forças turcas no região do Curdistão, era outro complicador potencial. De acordo com relatos atribuídos a fontes oficiais de Ancara, o plano do governo turco envolveria o deslocamento de até 40 mil soldados para o território iraquiano. Este evento que pode comprometer a integridade territorial do Iraque, desencadear um conflito em larga escala entre turcos e guerrilheiros curdos e forçar os generais norte-americanos a intervir, colocando seus soldados entre dois fogos. O general Franks informou hoje que as tropas turcas no Curdistão ?são leves, que entram e saem do Iraque?. Ibope de Bush cresce menos Igualmente significativo é que, apesar do avanço das forças, do êxito dos primeiros três dias da campanha militar e do limitado número de baixas reportado dos dois lados, o apoio da opinião pública à controvertida decisão do presidente George W. Bush de iniciar a guerra aumentou menos do que se poderia esperar. Embora tenha crescido em 19 pontos nos últimos dez dias, o suporte interno ao conflito permaneceu em 70% após o início dos ataques, segundo sondagem do jornal New York Times. E a oposição manteve-se em 27% - uma proporção significativa quando se tem em mente que a parte mais difícil e potencialmente custosa do conflito ? a tomada de Bagdá ? ainda não começou. Veja o especial :

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.