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Estrela republicana reage a escândalo

Troca de e-mails entre assessores de Chris Christie, potencial candidato a presidente em 2016, indica ação para criar caos no trânsito com fim eleitoral

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Por Redação
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NOVA YORK - O fim do mistério sobre quem fechou duas pistas da ponte George Washington, transformando o distrito de Fort Lee, em New Jersey, num enorme estacionamento, durante quatro dias em setembro, explodiu num escândalo político envolvendo o governador Chris Christie. Ele reagiu ontem se dizendo traído e demitindo uma funcionária. E-mails e mensagens de texto revelaram que uma assessora do alto escalão do governo ordenou o fechamento com o objetivo de punir o prefeito da cidade, Mark Sokolich, por não apoiar reeleição do governador, ano passado. "Está na hora de alguns problemas de tráfego em Fort Lee", Bridget Anne Kelly, vice-chefe de gabinete de Christie, escreveu por e-mail para David Wildstein. Amigo de faculdade do governador, Wildstein trabalhava, na época, na Autoridade Portuária de Nova York e New Jersey, departamento responsável pela ponte. Ao falar sobre o assunto pela primeira vez, ontem, o governador se desculpou pelo caos criado no trânsito. Em uma entrevista coletiva, Christie disse estar se sentindo "constrangido e humilhado" pelo ocorrido, antes de anunciar que demitira Bridget. "Meu coração está partido pelo fato de que alguém do meu círculo de confiança nos últimos cinco anos tenha me traído." Algumas das mensagens de texto ironizavam ônibus escolares presos no congestionamento. "São filhos dos eleitores de Bueno", escreveu Wildstein, se referindo à oponente de Christie, Barbara Buono. Os e-mails são surpreendentes em termos de manobras políticas, deixando clara a satisfação dos assessores do governador com a confusão provocada. Ambulâncias sofreram atrasos para atender três pessoas com problemas cardíacos e um bebê. Passageiros de ônibus e motoristas ficaram furiosos. Um dos assessores de Christie referiu-se ao prefeito de Fort Lee como "esse pequeno sérvio" e Bridget Kelly trocou mensagens enquanto estava na fila de um velório. Christie negou conhecer os e-mails e culpou seus funcionários pelo caso. O escândalo vem assumindo grandes proporções e pode manchar a reputação do governador no momento em que ele assume uma posição importante no plano nacional como presidente da Associação dos Governadores Republicanos. Ele será um dos nomes quase certos do seu partido na disputa pela presidência em 2016. Embora os e-mails não determinem que o governador propriamente tenha pedido o fechamento das pistas, eles deixam claro que sua equipe estava diretamente envolvida no caso, contrariando declarações de Christie de que ninguém do seu gabinete tinha conhecimento. Os e-mails deixam evidente que vários de seus assessores e outros nomeados procuraram ocultar o plano usando como subterfúgio um estudo do tráfego na região. A revelação dos e-mails vai aprofundar uma investigação sobre o fechamento das pistas iniciada em dezembro pelo gabinete do Inspetor-Geral da Autoridade Portuária. Os e-mails podem ser a prova de que recursos do governo foram usados para fins políticos, o que é um crime em potencial. A Procuradoria-Geral do Estado anunciou que investigará. Wildstein com Bill Baroni, membro da equipe nomeada por Christie na Autoridade Portuária, renunciaram em dezembro quando funcionários desse departamento prestaram depoimento em audiência do legislativo. Eles afirmaram que os dois violaram os protocolos e pretendiam ocultar seus planos das autoridades de Fort Lee, da polícia e da própria Autoridade Portuária. As mensagens foram obtidas pelo The New York Times e outras agências de notícias na quarta-feira. Eles foram redigidos pessimamente por Wildstein, que os entregou aos parlamentares mediante intimação, de modo que é difícil determinar em alguns casos quem está falando. Os documentos indicam que a equipe nomeada por Christie e indivíduos que trabalharam em sua campanha estavam envolvidos numa discussão sobre o escândalo e qual a reação mais adequada a ele à medida que se desenrolava.

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