Estudantes chilenos aceitam negociar mas mantém greve

Os líderes do movimento se reuniram nesta sexta-feira para analisar as propostas apresentadas pela presidente Michelle Bachelet

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Por Agencia Estado
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Líderes estudantis do Chile decidiram nesta sexta-feira, em assembléia, retomar as negociações com o governo sobre o pacote de medidas para acabar com a greve dos secundaristas no país. Eles não decidiram, porém, encerrar a paralisação iniciada há quatro dias. Os líderes do movimento estavam reunidos nesta sexta-feira, analisando a iniciativa do governo. As reivindicações do movimento estudantil têm como objetivo, segundo seus líderes, reduzir a diferença entre as escolas ricas e as pobres. A presidente chilena, Michelle Bachelet, anunciou na quinta-feira à noite um pacote com medidas como a diminuição dos custos de transporte escolar, a isenção de taxa de vestibular para alunos carentes e uma reforma na lei de educação. No total, serão gastos US$ 58 milhões. A proposta de Bachelet atende parcialmente às reivindicações dos estudantes. Se não houver acordo, os manifestantes ameaçam desencadear uma paralisação nacional na segunda, e dizem ter promessa de apoio de universitários e trabalhadores. As medidas apresentadas pela presidente socialista foram definidas após três dias de negociação entre o ministro da Educação, Martín Zilic, e líderes estudantis. Bachelet defendeu o pacote, alegando ser o "máximo esforço que o governo pode fazer". A oferta inclui um financiamento emergencial para garantir refeições gratuitas a 500 mil alunos carentes, a reforma de 500 prédios escolares e novos móveis para 1.200 escolas. Em relação à lei de educação, Bachelet se comprometeu a criar um conselho para estudar reformas - a lei foi promulgada pelo ex-ditador Augusto Pinochet (1973-90), quando este entregou a administração dos colégios públicos para os municípios e financiadores particulares. O governo Pinochet alegava que essa política visava privilegiar a "liberdade de ensino". Em seu pronunciamento, a presidente comparou o custo de algumas das reivindicações com outras ações sociais. Dessa forma, concluiu que algumas das exigências não poderiam ser implementadas, como por exemplo o transporte gratuito. "Esse dinheiro permitiria a construção de 33 mil casas para famílias pobres", calculou Bachelet. "Este é um governo realista. Não faço promessas que não podem ser cumpridas." A presidente enfrenta a primeira grave crise em seus quase três meses de governo. Um dos líderes estudantis, Sebastian Muñoz, julgou válido o discurso de Bachelet, mas fez ressalvas à atuação do governo. "Ela fez propostas interessantes, mas imagino se teria feito algo sem a nossa mobilização." Repressão policial Nos últimos dias, os estudantes foram às ruas para protestar, na capital e interior. Na terça, eram 500 mil, que foram violentamente reprimidos pela polícia. Quase 800 pessoas foram presas e dezenas agredidas. Bachelet afastou dez policiais, incluindo o chefe dos carabineiros (polícia militar).

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