Estudantes da Ucla se trancam em salas e montam barricadas

Centenas ficaram isolados dentro da universidade durante o ataque a tiros e a ação policial para procurar o suspeito de homicídio no câmpus

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Foto do author Almir Leite
Foto do author Gonçalo Junior
Por Almir Leite , Gonçalo Junior , Enviados Especiais e LOS ANGELES
Atualização:

Quando ouviram os tiros seguidos do alerta para que deixassem os prédios se fosse possível, muitos estudantes da Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla) entraram em pânico. Esta quarta-feira era o antepenúltimo dia de aula. Estavam pensando nas provas da semana que vem e nas férias. Uma parte tentou sair à rua, outra se trancou em suas salas de aula. Não sabiam ainda o que estava ocorrendo no câmpus.

Os que optaram por ficar nas salas, principalmente os que estavam no prédio da Engenharia, onde ocorreu o ataque a tiros, fizeram barricadas com carteiras, armários e até copiadoras, e prenderam as portas com cintos. “Eu fiquei trancada na minha sala de aula. A gente não sabia direito o que estava acontecendo’’, disse a estudante Geena Johnson à emissora ABC. “Foi assustador.’’

Policiais revistam estudantes da Ucla após ataque a tiros com dois mortos Foto: REUTERS/Patrick T. Fallon

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Quem conseguiu sair, como a turma que estuda no prédio de Ciências Matemáticas, próximo ao da Engenharia, encontrou dezenas de policiais ao alcançar as alamedas do câmpus.

Indiscriminadamente, homens e mulheres foram colocados ajoelhados, com os braços levantados em posição de rendição e, em seguida, revistados – inicialmente, a polícia, também sem detalhes do que estava ocorrendo, buscava por um homem e uma mulher “de aparências anglo-saxônicas”.

“É meio constrangedor ver colegas que você conhece bem sendo revistados, mas temos de entender que é por nossa segurança”, conformou-se Jordan Berdu, outro estudante da Ucla.

Vários alunos relataram a emissoras de TV locais que sua grande preocupação foi ligar para os pais e informar que estavam bem. Ou então falaram do alívio que sentiram ao avisarem pais, mães, irmãos e amigos que estavam a salvo.

Isolamento. No arredores da universidade, o clima também foi de tensão durante as pouco mais de duas horas de incerteza sobre a segurança das pessoas. Prédios de escritório e estabelecimentos comerciais foram fechados, comprometendo o movimento do almoço. Por cerca de três horas, nenhum carro teve acesso a dezenas de ruas e pedestres só podiam passar, em determinados pontos, após revista e com autorização da polícia.

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Na universidade, o clima foi voltando ao normal a partir do momento em que se tornou oficial a informação de que o ocorrido foi um assassinato seguido de suicídio. Os alunos que estavam “presos’’ em suas salas ou dormitórios – centenas moram nas dependências do câmpus – começaram, então, a deixar seus esconderijos.

Apesar de a presença policial continuar intensa nas ruas e em alguns prédios e da atuação ostensiva dos investigadores, o movimento foi se normalizando, exceto por um aspecto: todas as aulas foram suspensas e serão retomadas nesta quinta-feira.

Longe dali, o ataque na universidade causou interesse, mas não comoção nem grande preocupação – em grande parte, graças à atuação da polícia e a rapidez com que foi informado que não era um ataque extremista ou com muitas vítimas. A vida em Los Angeles seguiu normalmente, com as pessoas acompanhando pela televisão e pelo rádio os acontecimentos. 

O trânsito nas principais avenidas e freeways continuou intenso e engarrafado como em qualquer dia da semana. No elegante e rico bairro de Manhattan Beach, a mais de 30 quilômetros da Universidade da Califórnia e onde a seleção brasileira de futebol se hospedou até esta quarta-feira, o ataque também foi recebido com grande normalidade.

As pessoas assistiam às cenas pela televisão em restaurantes e lojas, faziam algum comentário, mas não demonstravam tensão ou alarme. Apesar da tranquilidade aparente, a cidade inteira foi posta oficialmente em alerta durante a ação na Ucla.

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