Estudantes protestam contra execuções nos EUA e no Irã

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Por Agencia Estado
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Centenas de universitários, revoltados com a execução marcada, nos Estados Unidos, de um paquistanês condenado pelo assassinato de dois empregados da CIA, promoveram um protesto hoje nas ruas de Multan, gritando slogans antiamericanos e ameaçando cidadãos dos EUA no Paquistão. No Irã, cerca de 3.000 estudantes manifestaram-se, pelo segundo dia consecutivo, contra a sentença de morte imposta contra um destacado acadêmico, condenado por insulto ao Islã. "Não iremos garantir a segurança dos americanos se eles matarem Aimal Kasi", afirmou um líder estudantil, Mujahid Ahmad, à multidão, no Paquistão. "Os EUA são os maiores terroristas". A execução de Kasi, com injeção letal, está marcada para quinta-feira, no Estado de Virgínia. Ele foi condenado por ter matado a tiros dois empregados da CIA e ferido outras três pessoas na frente do QG da agência, no norte da Virgínia, em 1993. Agentes do FBI trabalhando com agências de segurança paquistanesas prenderam Kasi num hotel na cidade sulista de Dera Ghazi Khan, em 1997. Ele foi extraditado para os EUA. Cerca de 700 manifestantes pertencentes à ala estudantil do grupo ultraconservador islâmico Jamaat-e-Islami participaram do protesto de hoje em Multan, 340 km a sudoeste da capital, Islamabad. O Jamaat-e-Islami faz parte da coalizão de partidos religiosos que teve um surpreendente desempenho nas eleições de 10 de outubro, defendendo uma plataforma antiamericana, pró-Taleban e terminando em terceiro lugar na votação. O Departamento de Estado dos EUA tem advertido que a execução de Kasi pode provocar retaliação contra americanos em todo o mundo. Professor iraniano "Todos os iranianos foram responsáveis pela vitória da revolução de 1979. Hoje, os clérigos têm os pilares do poder. As prisões abrigam acadêmicos destacados, professores respeitados e alunos populares. O que vocês estão fazendo com este país?", disse o líder estudantil Meisam Yousefzadeh na Universidade Tarbiat-e-Modarres, em Teerã, capital do Irã. Ele foi efusivamente aplaudido. As manifestações foram convocadas em protesto contra o caso de Hashem Aghajari, um popular professor de História na universidade. Aghajari foi condenado à morte porque o júri considerou que ele insultou o profeta Maomé e questionou a interpretação linha-dura do Islã, propagada pelos clérigos conservadores. No domingo, o Parlamento, dominado pelos reformistas, pediu que a sentença seja derrubada. O réu ainda pode recorrer da decisão a instâncias superiores da Justiça iraniana, dominada pelos conservadores. Na manifestação de hoje, Yousefzadeh lembrou que Aghajari perdeu uma perna na guerra com o Iraque, travada entre 1980 e 1988. "Inimigos do Irã tiraram sua perna. Agora, o Estado quer tirar sua vida em nome do Islã."

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