Estudantes protestam contra reeleições ilimitadas de Chávez

Chavistas também saem às ruas; tensão cresce a semanas do referendo

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Por EFE E AFP
Atualização:

Universitários entraram em choque ontem com a polícia no Estado venezuelano de Anzoátegui durante um protesto contra o projeto de emenda constitucional que estabelece reeleições ilimitadas para presidente e outros cargos eletivos. O protesto ocorreu durante uma visita do presidente venezuelano, Hugo Chávez, à capital do Estado, Barcelona. As forças de segurança oficiais tentaram dispersar a manifestação com bombas de gás lacrimogêneo e, após se entrincheirarem em salas de aula, os estudantes responderam lançando objetos contra os policiais. Foi a segunda vez nesta semana que estudantes protestaram contra a emenda, que será submetida a referendo no dia 15, e, se aprovada, permitirá a Chávez voltar a se reeleger em 2012. Na terça-feira, quatro estudantes foram presos em outra manifestação que terminou em confrontos com a polícia em Caracas. Ontem à tarde, um novo protesto foi marcado para amanhã durante uma assembleia na Universidade Católica Andrés Bello. Também ontem, centenas de estudantes chavistas manifestaram-se no centro da capital venezuelana em apoio à emenda. "Não deixem que as ruas sejam tomadas pelos filhos da burguesia", disse o presidente, num comício em Barcelona. "Vocês querem ver estudantes? Pois, os observem. O país vai ver de que lado estão os estudantes desta pátria." As manifestações contra e a favor do fim dos limites para os mandatos consecutivos estão aumentando as tensões no país a poucas semanas do referendo. ''NÃO É NÃO'' O projeto de reeleições ilimitadas para presidente fazia parte da reforma constitucional proposta por Chávez e rejeitada em consulta popular em dezembro de 2007. O presidente, porém, decidiu relançar o projeto com algumas modificações - a emenda que será votada no dia 15 também estabelece reeleições ilimitadas para todos os outros cargos eletivos na Venezuela. Vem dessa insistência o lema que está sendo utilizado pelos estudantes opositores: "Não é não!" Segundo a oposição, Chávez quer aprovar logo a emenda porque a queda dos preços do petróleo - e, consequentemente, da capacidade de investimento do Estado venezuelano - deve reduzir sua popularidade, hoje de 60%. A Assembleia Nacional - na qual os aliados de Chávez são maioria - aprovou a proposta de consulta popular na semana passada, e o Conselho Nacional Eleitoral a convocou num tempo recorde. Ainda assim, pesquisas indicam que o presidente deve ter dificuldade para vencer nas urnas. Segundo o instituto Datanálisis, 52% dos venezuelanos pretendem votar contra o projeto e apenas 37% se dizem favoráveis a ele.

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