WASHINGTON - O FBI acredita que hackers russos possam estar por trás das declarações favoráveis ao Irã dadas pelo emir do Catar que desencadearam a atual crise diplomática entre o país e a Arábia Saudita, informou nesta terça-feira, 6, a rede de TV CNN.
Dados de inteligência colhidos pelo governo americano citados pelo canal indicam que a agência de notícias catari teve seus servidores invadidos duas semanas atrás, à época em que o emir Tamim bin Hamad al-Thani deu declarações favoráveis ao Irã e o Hezbollah, xiitas rivais de Riad.
Tanto a Arábia Saudita quanto o Catar são importantes aliados americanos no Oriente Médio. Enquanto o primeiro é o principal fornecedor de petróleo para os Estados Unidos na região, o segundo abriga uma base militar estratégica para os ataques contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
Os indícios de que hackers russos possam estar interferindo dessa forma na política do Oriente Médio, disse a CNN, preocupa as agência de inteligência americanas. Segundo o canal, isso pode significar que Moscou deu sequência à política de intervenção observada nas eleições americanas de 2016 e na francesa, em maio.
Uma porta-voz da Embaixada do Catar em Washington, afirmou que uma investigação está em curso e seu resultado deve ser tornado público em breve.
Mais cedo, o presidente Donald Trump criticou o governo do Catar e deu sinais de que se colocaria ao lado da Arábia Saudita na disputa, ainda que o Pentágono, em comunicado, tivesse elogiado a cooperação catari na luta contra o terrorismo.
A Arábia Saudita e outros países árabes, como o Egito, os Emirados Árabes e o Bahrein, romperam as relações diplomáticas com Doha no domingo e instauraram um bloqueio marítimo, aéreo e terrestre ao emirado. Especula-se que as declarações do emir favoráveis ao Irã - depois desmentidas - teriam sido o principal motivo de descontentamento da Casa de Saud com o emirado. / AP