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EUA acusam Rússia de mudar cenário de ataque químico, mas adiam sanções

Em esforço para provar que regime Assad não usou arsenal ilegal, TV estatal síria entrevista médicos de Duma, local da ação que deflagrou a crise, que garantem que atenderam pessoas com sintomas de asma

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Por Redação
Atualização:

BEIRUTE - Inspetores de armas químicas enviados à Síria disseram nesta segunda-feira suspeitar que o local onde teria ocorrido um ataque químico tenha sido adulterado por russos e sírios, em meio a declarações divulgadas pela mídia pró-governo de médicos da área dizendo que as vítimas haviam sido tratadas de asma.

Militares russos inspecionam instação na cidade de Duma Foto: AP/Hassan Ammar

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Uma equipe da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) chegou a Damasco no sábado a convite do governo sírio para investigar o suposto ataque químico, que levou EUA, França e Reino Unido a lançarem um ataque no fim de semana contra instalações suspeitas de serem usadas no armazenamento de armas químicas. 

Ainda nesta segunda-feira, defesas aéreas sírias responderam a ataques de mísseis que foram disparados contra a base aérea de Shayrat, em Homs, segundo a TV estatal síria. O informe não indica quem seria o responsável pelos mísseis, que foram derrubados, segundo a emissora de TV.

O Pentágono negou qualquer envolvimento dos EUA. “Não há atividade militar dos EUA naquela região no momento”, afirmou o porta-voz Eric Pahon. A base de Shayrat é a mesma que foi atacada em 6 de abril de 2017 pelos EUA, quando o país acusou a Síria de usar armas químicas pela primeira vez. 

Um funcionário russo, Igor Kirillov, disse que os investigadores poderão nesta terça-feira visitar Duma, a cidade de Goutha Oriental, nos subúrbios de Damasco, onde o ataque teria sido lançado. Ele explicou que a visita ocorrerá após a remoção das minas plantadas pelos rebeldes na estrada de Damasco a Duma.

O embaixador dos EUA na Opaq, Kenneth Ward, disse que há suspeitas de que a Rússia, um antigo aliado do governo sírio, possa ter adulterado as evidências. “Soubemos que os russos visitaram o local do ataque. Tememos que eles possam ter feito adulterações para prejudicar os esforços da equipe da Opaq de realizar uma investigação efetiva”, disse Ward.

A Casa Branca disse nesta segunda-feira que é pouco provável que o presidente Donald Trump aprove novas sanções contra a Rússia por seu apoio ao regime sírio, um dia após a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, dizer que novas punições eram iminentes. 

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As suspeitas de adulteração ampliam o temor de que a verdade sobre o ataque do dia 7 nunca seja conhecida. Os rebeldes que controlaram Duma por seis anos se renderam um dia após o incidente, que deixaram dezenas de homens, mulheres e crianças mortos em um edifício de apartamentos com espuma saindo de suas bocas, segundo imagens de vídeo.

Desde então, tropas russas e sírias têm cercado a área, que o Exército da Síria declarou totalmente sob o controle do governo no domingo. Vídeos divulgados pelas mídias síria e russa mostram os soldados visitando o prédio onde as imagens foram filmadas e o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, dizendo a repórteres que não havia nenhuma evidência de ataque químico no local.

Testemunhas, sobreviventes e funcionários de hospitais disseram à imprensa que havia muitas pessoas sendo tratadas com dificuldade de respirar na noite em que as vítimas exalaram um forte cheiro de cloro, que no passado foi usado como arma de guerra. Em entrevistas na TV pró-governo, 13 funcionários de hospitais, incluindo 9 médicos, disseram que, pelos sintomas, as pessoas estavam com asma e não haviam sofrido um ataque com gás. / W.POST e AP