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EUA acusam Rússia de ter passado segredos a Saddam

Relatório do Pentágono afirma que o setor de inteligência da Rússia passou informações ao governo de Saddam Hussein, pelo embaixador russo em Bagdá

Por Agencia Estado
Atualização:

Um relatório divulgado nesta sexta-feira pelo Departamento de Defesa americano afirma que o governo russo tinha fontes no comando militar dos EUA durante o planejamento da invasão do Iraque e passou informações para o governo de Saddam Hussein sobre a estratégia americana. O texto diz que em abril de 2003 - semanas depois da invasão - documentos encontrados no Ministério de Relações Exteriores do Iraque comprovaram que o setor de inteligência russo passou informações ao governo de Saddam Hussein, por intermédio do embaixador russo em Bagdá. Foram transmitidos dados sobre a movimentação de tropas para isolar Bagdá pelo leste, sul e norte, a concentração de bombardeios americanos na capital e a data prevista para o assalto à cidade. Os russos teriam informado que a investida sobre Bagdá não começaria antes do dia 15 de abril - na realidade, a cidade caiu uma semana antes dessa data. "Significativamente, o regime também recebia dos russos informações que alimentavam a suspeita de que o ataque a partir do Kuwait seria apenas uma ação diversionista", assinala o relatório, elaborado pelo comando militar conjunto das forças dos EUA. Em outro trecho, diz que a informação que os russos coletaram de suas fontes no Comando Central, baseado em Doha, no Catar, era de que os EUA estavam convencidos de que a ocupação das cidades iraquianas era impossível, e por isso mudaram sua tática para evitar entrar nos centros urbanos. Para o brigadeiro Anthony Cucolo, do comando militar americano, a decisão da Rússia de passar informações ao governo de Saddam era motivada por interesses econômicos, relacionados ao petróleo. O comando militar não entrou em detalhes sobre o relatório e a Rússia não comentou imediatamente o assunto. Ainda em Washington, a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, disse que está "totalmente certa" de que serão realizadas negociações diretas entre representantes dos EUA e do Irã sobre a crise iraquiana. Ela não indicou, porém, data ou local previsto para o encontro, a primeira reunião oficial entre os dois países desde os anos 80. No Iraque, os principais grupos políticos voltaram à mesa de negociações nesta sexta-feira para tentar, sem sucesso, formar um governo de unidade nacional que ponha fim à violência sectária.

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