EUA adotam cautela com Irã após captura de britânicos

Governo Bush explica que manobras militares no golfo Pérsico são apenas exercício naval e não têm o objetivo de agravar as tensões com o governo iraniano

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Por Agencia Estado
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Os Estados Unidos insistiram nesta quarta-feira, 28, que os exercícios navais no golfo Pérsico e o apoio aos esforços britânicos pela libertação de 15 marinheiros capturados na semana passada não têm o objetivo de agravar as tensões com o Irã. O governo Bush parecia estar adotando um tom cauteloso no impasse do caso dos marinheiros britânicos, para não atrapalhar as negociações do premiê inglês, Tony Blair, com Teerã. "Não há agravamento de tensões por nossa parte", disse a porta-voz da Casa Branca Dana Perino. Ela acrescentou que o presidente americano, George W. Bush, conversou com Blair na quarta-feira sobre o Irã, entre outras coisas, numa videoconferência que já estava marcada antes da captura dos marinheiros. "O presidente dá seu total apoio a Tony Blair e nossos aliados na Grã-Bretanha", disse Perino. O Conselho de Segurança da ONU aprovou no fim de semana uma resolução reforçando as sanções contra o Irã por causa do programa nuclear do país. O Irã nega estar querendo desenvolver armas nucleares e considera as sanções ilegais. Em Bahrein, um porta-voz da Quinta Frota dos EUA disse que a preocupação com o programa nuclear e a captura dos soldados britânicos tiveram influência na decisão de adiantar os exercícios navais, mas "não foram o único determinante". O porta-voz do Departamento de Estado, Tom Casey, disse que os marinheiros britânicos devem ser libertados "incondicionalmente". "Queremos ver isso resolvido, queremos ver isso resolvido pacificamente e queremos ver isso resolvido com os iranianos fazendo a coisa certa, que é soltar aquelas pessoas", disse Casey. Exercícios navais Os exercícios navais dos EUA no Golfo balançaram os mercados financeiros, provocando o aumento no preço do petróleo e contribuindo para a queda nas bolsas. A Marinha dos Estados Unidos começou sua maior demonstração de força no Golfo desde a invasão do Iraque em 2003, desenvolvendo dois transportadores de avião e conduzindo simulações de ataques aéreos, segundo informações concedidas por militares nesta terça-feira, 27. A televisão estatal iraniana informou nesta quarta-feira, 28, que o Irã não está preocupado com os exercícios navais dos Estados Unidos no Golfo Pérsico, mas está monitorando de perto. No entanto, os EUA declararam que não pretendem entrar em águas iranianas. Os comentários foram feitos um dia após o capitão do porta-aviões USS Dwight D Eisenhower dizer que um segundo porta-aviões entrou em águas do Golfo para realizar exercícios. O impasse com os britânicos significa a possibilidade de problemas no estreito de Hormuz, por onde passa um terço dos carregamentos marítimos de petróleo. Para aliviar a tensão, autoridades norte-americanas acenaram com um eventual uso das reservas estratégicas de petróleo dos EUA no caso de problemas nos fornecimentos. Perino disse que os exercícios já estavam planejados, lembrando que Bush falara sobre eles num discurso em janeiro.

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