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EUA advertem Chávez a aproveitar bem a segunda chance

Por Agencia Estado
Atualização:

A mídia estatal de Cuba deu ampla cobertura neste domingo ao retorno de Hugo Chávez à presidência da Venezuela, enquanto o Iraque considerou a reviravolta uma derrota da política externa dos Estados Unidos. Em Washington, a administração do presidente George W. Bush, que havia culpado Chávez por sua derrubada, advertiu-o neste domingo para aproveitar bem sua segunda chance no governo. Os EUA haviam inicialmente dito que Chávez fora responsável por sua queda devido à violenta repressão a uma manifestação de massa na quinta-feira, quando morreram 16 pessoas. A reação de Washington contrastou profundamente com a de vários líderes da América Latina, que consideraram que um golpe de Estado havia derrubado Chávez. Em toda América Latina, críticos advertiram sobre a necessidade de garantir a manutenção da democracia num hemisfério que parecia ter superado um negro período de sangrentas ditaduras militares nas décadas de 60 e 70. Na Argentina, neste sábado, o presidente Eduardo Duhalde criticou duramente a forma como Chávez havia sido afastado. "Isso foi, sem dúvida, um golpe de Estado", sentenciou Duhalde. Duhalde é o quarto presidente argentino desde a renúncia em 20 de dezembro de Fernando de la Rúa em meio a uma crise econômica e sangrentas manifestações de rua em Buenos Aires. Mas, ao contrário dos desdobramentos na Venezuela, os militares da Argentina não intervieram na política, e o Congresso nomeou o sucessor de De la Rúa respeitando os preceitos constitucionais. Alguns observadores criticaram os Estados Unidos por fazerem vista grossa para a forma como Chávez foi deposto, advertindo que poderia ser estabelecido um mau precedente por uma nação que pretende ser o supervisor da democracia na região. "Uma das mais preocupantes coisas na América Latina é a posição assumida pelos EUA quando confrontados com esse golpe", escreveu Ana Baron no diário argentino Clarín. "Washington recusou-se a considerar a queda de Chávez um golpe de Estado". Objeções na América Latina parecem ter tido um peso importante para a volta de Chávez, de 47 anos, ao poder, apoiado por um levante popular que deixou seus partidários internos e externos jubilosos. O presidente cubano, Fidel Castro, amigo próximo de Chávez, não se manifestou imediatamente, mas a ampla cobertura dedicada pela mídia estatal sublinha a importância dada por Cuba ao retorno do seu mais forte aliado no hemisfério. "Vitória Revolucionária!" era uma mensagem piscada pela tevê cubana, enquanto se lia em outra: "Longa vida ao presidente Hugo Chávez!". Apesar de manter uma relação próxima com Fidel, Chávez tem sustentado que sua "revolução pacífica" é fundamentalmente diferente da revolução comunista cubana, mesmo que os dois compartilhem críticas a políticas de livre mercado que acusam de aumentar a distância entre ricos e pobres. Apesar de vários países latino-americanos terem se recusado a reconhecer o breve "governo de transição" do empresário Pedro Carmona, a Colômbia rapidamente manifestou seu apoio, acreditando que a situação produziria melhores relações entre os dois países. Na sexta-feira, a ministra do Exterior colombiana, Clemencia Forero, chamou Carmona de "um grande amigo da Colômbia" e falou sobre "as melhores" relações com o recém-chegado. Agora, algumas autoridades em Bogotá devem estar lamentando a pressa em saudar os oponentes de Chávez. A Colômbia não fez comentário oficial desde a volta de Chávez ao poder. Como parceiro econômico-chave da Venezuela, a Colômbia tem tido tensas relações com Chávez devido a alegações de que o líder venezuelano de tendências esquerdistas estaria apoiando tacitamente as guerrilhas colombianas. Chávez nega ter simpatias ou laços diretos com os rebeldes colombianos, que têm usado a porosa fronteira entre os dois países como refúgio. "Enquanto as presumidas relações de Chávez com as Farc forem incertas para os colombianos, continuará havendo um clima de desconfiança", disse o senador Jimmy Chamorro, que lidera o Comitê de Relações Exteriores do Senado. Enquanto isso, Washington está de olho nos passos de Chávez. Apesar de os EUA continuarem sendo o maior comprador do petróleo venezuelano, o esquerdista Chávez tem irritado Washington por sua proximidade com Cuba, assim como com a Líbia e Iraque. Neste domingo, o Irã e a Líbia estavam aplaudindo. "Congratulamos o fraterno povo venezuelano por sua vitória sobre a conspiração imperialista dos EUA", disse o vice-premier iraquiano, Tariq Aziz. Chávez tornou-se em agosto de 2000 o primeiro chefe de Estado a visitar o Iraque desde a Guerra do Golfo de 1991, encontrando-se em Bagdá com o presidente Saddam Hussein, declaradamente para convidá-lo para uma cúpula da Opep. A agência de notícias líbia Jana divulgou que Muammar Khadafi telefonou a Chávez para parabenizá-lo pessoalmente por seu "retorno seguro". Grandes Acontecimentos InternacionaisESPECIAL VENEZUELA

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