EUA advertem Coréia sobre reprocessamento de urânio

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Por Agencia Estado
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A Casa Branca advertiu hoje a Coréia do Norte que será considerado um ato de provocação o reprocessamento de combustível nuclear para transformá-lo em plutônio usado em bombas. Por sua vez, o embaixador norte-coreano em Moscou, Pak Ui-chun, manifestou nesta sexta-feira sua suspeita de que os Estados Unidos tornarão a Coréia do Norte seu próximo alvo militar depois do Iraque. "Qualquer passo para começar o reprocessamento será outra ação provocativa da Coréia do Norte", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer. "Uma medida desse tipo isolará ainda mais a Coréia do Norte da comunidade internacional, que está unida na busca de uma solução pacífica para a situação", acrescentou. A advertência foi feita após o jornal The New York Times divulgar que o serviço secreto norte-americano detectou este mês uma atividade incomum perto de uma central nuclear norte-coreana - um possível indício de que a Coréia do Norte se prepara para produzir armas nucleares. Satélites de espionagem detectaram caminhões cobertos indo e vindo do depósito da central nuclear de Yongbyon, onde estão armazenados 8.000 cilindros de combustível nuclear usado. Não se pode dizer qual é a carga, mas desconfia-se que os caminhões estejam transportando barras de urânio para outras usinas nucleares. Esses cilindros de combustível estavam lacrados desde 1994, quando a central nuclear de Yongbyon foi fechada sob um acordo no qual a Coréia do Norte se comprometia a congelar seu programa nuclear e os EUA e aliados a fornecer petróleo e dois reatores de água leve ao país comunista. Segundo funcionário norte-americanos, é possível extrair plutônio suficiente dos cilindros para fabricar quatro ou cinco armas nucleares. Calcula-se que para a produção de uma bomba nuclear são necessários 9 kg de plutônio. A atividade não é inesperada, pois os norte-coreanos expulsaram em dezembro os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), abandonaram em janeiro o Tratado de Não-Proliferação Nuclear e disseram que estavam reativando o reator de Yongbyon para suprir suas necessidades de energia depois que os EUA e aliados suspenderam o fornecimento de petróleo. O diretor da AIEA, Mohammed el-Baradei, disse hoje que a Coréia do Norte poderia produzir plutônio para armas nucleares em seis meses se as informações sobre a reabertura de sua central de enriquecimento forem verdadeiras. "Obviamente, se eles reativaram sua central nuclear, isso é um assunto muito sério que nos preocupa muito", disse El-Baradei ao chegar a Viena. A AIEA poderia decidir em uma reunião extraordinária no dia 12 encaminhar a questão nuclear norte-coreana ao Conselho de Segurança da ONU, que poderá impor sanções contra o regime de Pyongyang. Segundo fontes, alguns dos 35 membros da junta da AIEA preferem dar mais tempo aos esforços diplomáticos antes de enviar o caso ao CS da ONU.

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